Festa Alemã, patrimônio imaterial de JF


Por Luiz Antonio Stephan, bacharel em Comunicação e Publicidade e Propaganda, empresário aposentado e pesquisador

19/09/2019 às 06h58

Mais uma vez, a Festa Alemã do Borboleta, encerrada no último domingo (15), aconteceu com enorme sucesso. São 50 anos desde a primeira, em 1969. Foram três períodos distintos: as primeiras festas, 1969, 1972 e 1976, aconteceram depois de um longo período de inibição da cultura alemã, devido a questões políticas, como as duas grandes guerras, 1914 e 1939, e a política nacionalista do governo de Getúlio Vargas, que provocaram um certo estranhamento entre os imigrantes alemães, seus descendentes e a população local.

Trabalhei, aos 19 anos, na primeira e na segunda, em 1972, quando o Açougue Jacobana, da minha família, forneceu os produtos suínos para o evento: linguiças (tradicional mineira e temperada com vinho), salsichão, frios (galantina, fiambre com legumes), Schwatenmagem (chuadema, ou queijo de porco), Leberwurst (chouriço Branco) e schwarze Wurst (chouriço preto); a comunidade do Borboleta produziu: pães, cucas, tortas, chucrute, picles etc.; guaraná, sodinha e o chope foram do José Weiss. Também tinha artesanato feito na colônia, e não faltaram as danças e as roupas típicas. A festa aconteceu no adro da Igreja S. Vicente de Paulo num fim de semana. Em 1976, mais um evento, dessa vez, promovido pela Igreja Luterana.
Terminou essa primeira fase, e as festas deixaram de acontecer por 14 anos, pois a comunidade se preocupou com as inúmeras brigas que aconteceram, pela maneira de servir a cerveja, tipo festival de chope.

O segundo período aconteceu nos anos de 1990 e 1991, quando a necessidade de consertar o telhado da igreja permitiu a volta das festas alemãs. Um novo modelo foi desenvolvido: não seria mais festival de chope. A cerveja seria vendida em unidade (agora chope claro e escuro da Antártica-Jose Weiss não mais existia). Novo cardápio foi desenvolvido, com os principais produtos das festas anteriores e algumas novidades: Kasseler (carré defumado), Weisse Wurst (salsicha branca) e o eisbein (joelho de porco), com uma novidade: pela primeira vez, era servido defumado, criação do Açougue Stephan (Luiz Antonio Stephan e Edgard Danilo Silva).

Esse modelo deu tão certo que continuou na nova fase, que começou em 1995 e prossegue até hoje. Desde então, é realizada com enorme sucesso pela Associação Alemã de Juiz de Fora (Associação Cultural e Recreativa Brasil Alemanha). Essa entidade é mantenedora dos grupos de danças típicas, de cursos de língua alemã, escola de música etc., um brilhante trabalho das subsequentes diretorias, coroado pela atual, presidida por Salcio Del Duca.
A Festa Alemã do Borboleta agora é considerada “Patrimônio Cultural Imaterial de Juiz de Fora”. Muito justo. Até ano que vem.

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