Defesa da vida

O mês de setembro é emblemático, pois dá margem para discussões permanentes em torno do suicídio, durante tempos um tabu para a sociedade


Por Tribuna

10/09/2019 às 06h51

Um relatório publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que 800 mil acabam com a própria vida todos os anos, o que dá uma perversa proporção de uma vítima a cada 40 segundos. Mesmo assim, a organização admite que a taxa de suicídios per capita está caindo. Em Juiz de Fora, dados preliminares revelam que, em 2017, das 115 tentativas, 30 foram consumadas. Em 2018, foram 165 tentativas e 31 consumadas. Neste ano, que ainda está em setembro, já foram registrados 123 casos, com 22 deles consumados.

O Setembro Amarelo, campanha que se espalhou pelo país nos últimos anos, e tem o dia 10 como referência, é uma estratégia elaborada pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio de discussão do problema. O suicídio, durante anos, foi tratado como um tabu, de pouca discussão nos grupos e nenhuma nos meios de comunicação, sob o argumento de que, em havendo divulgação, estaria se dando motivos para aumentar ainda mais o número de ocorrências.

A discussão, porém, caminha pelo caminho contrário, sendo necessário alertar a sociedade sobre um problema que afeta todas as faixas de idade, fruto, na maioria das vezes, da depressão, uma doença que não se mede por raça ou cor e, muito menos, por condições sociais. É vital avaliar o tema e colocar em pauta a adoção de políticas públicas para o seu enfrentamento.

Uma delas está na própria família, que pouco percebe a incidência ou a classifica como uma questão menor. De acordo com especialistas, o suicida dá pistas de sua intenção, mas esta nem sempre é percebida em razão do desconhecimento. A doença é considerada mera tristeza, ou, mais grave ainda, como frescura.

A Tribuna vem tratando dessa questão há tempos, embora considere que a discussão deva ser permanente para reverter os números. Nesta terça-feira, em debate que começa às 10h30, a Rádio CBN Juiz de Fora também vai tratar do assunto. Segundo a OMS, há uma queda de ocorrências, mas ainda baixa, implicando, portanto, ações permanentes que devem ser desenvolvidas em várias frentes, como ora ocorre na Câmara Municipal, na qual tramita projeto do vereador e médico José Fiorilo, com o intuito de conscientizar e prevenir sobre o suicídio. A meta, como ele justifica na sua exposição de motivos, é desenvolver, em parceria com o Poder Público, ações que promovam o diagnóstico, voltadas para crianças e jovens. A luta é de todos.

 

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