Jogo político

O Governo, em qualquer instância, precisa do respaldo do Legislativo para implementar seus projetos; dialogar dentro de princípios republicanos não deve ser um problema


Por Tribuna

22/08/2019 às 06h03

A saída do secretário de Governo, Custódio Mattos, seis meses após a ascensão do Partido Novo ao Governo de Minas, faz parte da rotina dos cargos comissionados, demissíveis ad nutum, mas poderia ser conduzida com mais habilidade não só por conta do personagem, que se apresentou para articular as ações do Governo, especialmente na Assembleia, mas também pela repercussão dentro do próprio Legislativo. A bancada do PSDB reagiu mal à decisão do governador, declarando que ocorreu o que chama de desconsideração. A tensão aumentou com o discurso do deputado Bartô, que não escondeu sua alegria e admitiu ter trabalhado para a demissão. “Derrubei mesmo”, disse para um plenário estupefato diante de tamanha sinceridade.

Vivendo a sua primeira experiência de poder, o Novo, como bem destacou o deputado Marcelo Cunha, também filiado à legenda, está trabalhando para mudar as práticas políticas, num modelo sem toma lá, dá cá, mas ele próprio destacou a importância de se fazer a boa política, na qual o diálogo é fundamental. É possível conversar dentro de padrões republicanos. Caso contrário, governar sem maioria torna-se um grave problema.

E Minas, ante a situação econômica que vive e com projetos importantes do próprio Governo em tramitação, precisa de um Legislativo voltado para o interesse comum, com o fim único de recuperar o Estado. Como o próprio governador vem ressaltando, a situação ainda é crítica, e virar o jogo depende de ações coletivas. Uma delas, por exemplo, foi o empenho suprapartidário na audiência no Supremo Tribunal Federal na qual foi tratado o ressarcimento pela União dos recursos não recolhidos com base na Lei Kandir. Foi um movimento coletivo.

É fato que o enfrentamento se dará em vários outros momentos, mas renovar a política não implica, necessariamente, agir isoladamente. O mundo e o país, em particular, passam por uma grande inflexão, na qual correntes, antes distantes do poder, assumem o mandato de estados nacionais e unidades federadas. No Brasil, a chegada do presidente Bolsonaro à Presidência e do governador Romeu Zema à liderança em Minas são a prova do interesse de mudança confirmada nas urnas de 2018.

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