O valor das virtudes
Mãe e mestra, a Igreja Católica ensina que as virtudes humanas são disposições estáveis da inteligência e da vontade que regulam nossos atos, ordenando nossas paixões e guiando-nos segundo a razão e a fé. Podem ser agrupadas em torno de quatro virtudes principais, também chamadas virtudes cardeais: a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança.
1) Prudência: a prudência é a virtude que dispõe a razão prática a discernir, em qualquer circunstância, nosso verdadeiro bem e a escolher os meios adequados para realizá-lo. A Bíblia diz que “o homem sagaz discerne os seus passos” (Provérbios 14,15). A prudência é a “regra certa da ação”, escreve Santo Tomás, citando Aristóteles. Não se confunde com a timidez ou o medo, nem com a duplicidade ou a dissimulação. É chamada “auriga virtutum” (“condutor das virtudes”), porque guia as outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida.
2) Justiça: a justiça é a virtude moral que consiste na constante e firme vontade de dar a Deus e ao próximo o que lhes é devido. A justiça para com Deus chama-se “virtude de religião”. Para com os homens, ela nos dispõe a respeitar os direitos de cada um e a estabelecer nas relações humanas a harmonia que promove a equidade em prol das pessoas e do bem comum. O homem justo, muitas vezes mencionado nas Escrituras, distingue-se pela correção habitual de seus pensamentos e pela retidão de sua conduta para com o próximo. “Senhores, dai aos v ossos servos o justo e equitativo, sabendo que vós tendes um Senhor no céu” (Colossenses 4,1).
3) Fortaleza: a fortaleza é a virtude moral que dá segurança nas dificuldades; firmeza e constância na procura do bem. Ela firma a resolução de resistir às tentações e superar os obstáculos na vida moral. A virtude da fortaleza nos torna capazes de vencer o medo, inclusive da morte, de suportar a provação e as perseguições. Dispõe a pessoa a aceitar até a renúncia e o sacrifício de sua vida para defender uma causa justa. “Minha força e meu canto é o Senhor” (Salmo 117,14). Cristo pôde dizer: “No mundo tereis tribulações, mas tende coragem: eu venci o mundo” (João 16,33).
4) Temperança: a temperança é a virtude moral que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados. Assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade. A pessoa temperante orienta para o bem seus apetites sensíveis, guarda uma santa discrição e “não se deixa levar a seguir as paixões do coração”. A temperança é muitas vezes louvada no Antigo Testamento: “Não te deixes levar por tuas paixões e refreia os teus desejos” (Eclesiástico 18,30). No Novo Testamento, é chamada de “moderação” ou “sobriedade”. Devemos “viver com moderação, justiça e piedade neste mundo” (Tito 2,12).
Existem também três virtudes chamadas “teologais” porque se referem diretamente a Deus: a fé, a esperança e a caridade. Estas informam e vivificam todas as virtudes morais.
Santo Agostinho resumiu assim: “Viver bem não é outra coisa senão amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e em toda forma de agir. Dedicar-lhe um amor integral (pela temperança) que nenhum infortúnio poderá abalar (o que depende da fortaleza), que obedece exclusivamente a Ele (e nisto consiste a justiça), que vela para discernir todas as coisas com receio de deixar-se surpreender pela astúcia e pela mentira (e isso é a prudência)”.
Por fim, lembremo-nos que “o objetivo da vida virtuosa é tornar-se semelhante a Deus” (São Gregório de Nissa, teólogo do século IV).
Este espaço é livre para a circulação de ideias e a Tribuna respeita a pluralidade de opiniões. Os artigos para essa seção serão recebidos por e-mail ([email protected]) e devem ter, no máximo, 40 linhas (de 70 caracteres) com identificação do autor e telefone de contato. O envio da foto é facultativo e pode ser feito pelo mesmo endereço de e-mail.