Como você quer seu amanhã?

Por Vinícius Viegas e Leonan Ferreira

As famílias brasileiras começaram o ano de 2019 mais endividadas, de acordo com dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A pesquisa realizada pelo órgão considera as dívidas com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro. Esse estudo mostra que o percentual de famílias endividadas alcançou 60,1% no mês de janeiro, demonstrando um aumento em relação ao mês de dezembro, que registrou 59,1%. Se compararmos com janeiro de 2018, quando os endividados representavam 61,3% da população, existe uma melhora; contudo, o número continua muito acima do ideal. A grande questão é: como melhorar a saúde financeira dos brasileiros?

É importante destacar que o cartão de crédito representa 78,4% do motivo de dívidas, sendo o principal responsável pelo alto número de endividados. Este tipo de instrumento financeiro se torna um grande vilão, principalmente pela alta taxa de juros, que pode chegar a 300% ao ano no parcelamento. Dessa forma, os endividamentos aumentam exponencialmente e, muitas vezes, se tornam impagáveis. Além disso, o cartão de crédito proporciona uma comodidade aos consumidores, que, num ambiente de pouquíssima educação financeira, facilita a contração de novas dívidas.

No que tange às perspectivas para o futuro, com o movimento de alta das ações e desburocratização da economia, espera-se uma diminuição considerável dessas dívidas, na medida em que os consumidores se tornem mais controlados e cientes da importância de poupar para o futuro. Temas macroeconômicos importantes, como a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência, principais pautas do governo atual, têm como objetivo restabelecer os empregos e um novo sistema de aposentadoria aos brasileiros, gerando mais receita e ajudando, assim, na redução das taxas de juros e renegociação das dívidas. Os mesmos temas geram incertezas, que, se bem administradas, devem contribuir para provocar uma necessidade de planejamento nas famílias.

Mesmo com o otimismo acerca do futuro, se o brasileiro não mudar os hábitos na hora de comprar e na forma de pensar sobre planejamento e poupança, dificilmente os números de inadimplência melhorarão. Sem essa melhora, não há espaço para reduções maiores de juros, que são o preço da urgência e do risco que o financiador enfrenta de não receber. Para um real avanço, a população deve buscar se educar financeiramente e, dessa forma, se livrar do vício das compras impulsivas, dos empréstimos com taxas abusivas e de viver como se não houvesse amanhã. O amanhã que cada um quer para si começa hoje.

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