Suspeito vinha de Rio Novo e venderia entorpecentes em Juiz de Fora

Prisão de seis pessoas nos últimos dias despertou a atenção das autoridades para um tipo de tráfico que é considerado ‘pequeno’ na cidade. Um dos presos foi flagrado com ecstasy dentro de um ônibus que trazia universitários para JF


Por Michele Meireles

12/02/2019 às 11h10- Atualizada 12/02/2019 às 19h35

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Embalagens com 95 comprimidos de ecstasy foram encontradas com suspeito (Foto: Polícia Militar/Divulgação)

A Polícia Militar trabalha, desde a última sexta-feira (8), no desmantelamento de uma rede de venda de drogas sintéticas e haxixe em Juiz de Fora. Até a tarde desta terça-feira (12), seis homens já foram presos. As detenções ocorreram em seis pontos diferentes da cidade, mas houve apreensão também em Rio Novo, município onde morava um dos suspeitos. Os levantamentos apontam que as negociações eram feitas pelo aplicativo WhatsApp, que funcionava como um “teledrogas”. Até o momento, não se pode afirmar se havia um elo entre todos os seis presos, mas, para a PM, os casos ajudam a lançar luz em um esquema de comércio de entorpecentes.

As últimas prisões ocorreram no fim da tarde da última segunda-feira (11). Um dos presos, 19 anos, foi flagrado levando comprimidos de ecstasy dentro de um ônibus que trazia universitários de Rio Novo para Juiz de Fora. O flagrante ocorreu na rodovia AM-3085, que liga o Bairro Barreira do Triunfo, Zona Norte de Juiz de Fora, a Coronel Pacheco. Um outro rapaz, 18 anos, também foi detido. Ele iria receber as drogas sintéticas e trocá-las por maconha.

De acordo com informações do documento policial, os militares conseguiram chegar ao indivíduo depois da prisão de quatro homens na última sexta-feira (8). O escolar foi interceptado na rodovia pouco antes de 18h, e o suspeito, abordado ainda dentro do coletivo. Em sua mochila foram encontradas embalagens com 95 comprimidos de ecstasy. Ele foi preso em flagrante e confessou que parte dos entorpecentes seria comprada por um grupo de amigos que faria uso do ecstasy em festas. O restante, segundo o suspeito, seria trocado por maconha com o rapaz de 18 anos. Ele também teria confessado a posse de mais drogas em sua casa em Rio Novo. Militares do município vizinho foram acionados e localizaram no endereço do rapaz uma porção de maconha e R$ 500 em dinheiro.

Outra equipe de Juiz de Fora seguiu até o ponto marcado para o encontro entre os dois suspeitos, no Bairro Benfica, Zona Norte. O jovem de 18 anos confessou que trocaria maconha por ecstasy, mas que pagaria parte da droga em dinheiro. Ele teria dito ainda que a negociação foi feita via WhatsApp. Diante da suspeita de haver drogas na casa deste último suspeito, policiais foram até o endereço (não informado) e acharam um tubo com duas porções de maconha, um tubo com sementes da droga, um utensílio usado para amassar a substância e um celular. Os dois suspeitos foram levados para a delegacia.

Entrega em supermercado desencadeia ação policial

Todas as seis prisões ocorreram em virtude de denúncia sobre uma entrega de ecstasy que ocorreria no pátio de um hipermercado que fica na Avenida Juscelino Kubitschek, altura do Bairro Francisco Bernardino, Zona Norte de Juiz de Fora, na última sexta-feira (8). Militares foram até o endereço, por volta das 18h, e encontraram o suspeito, 26 anos, em um carro. Ele foi abordado, e os militares localizaram em sua cueca uma embalagem com dez comprimidos de ecstasy. O homem confessou que estava no local para fazer uma entrega. As encomendas, segundo ele, eram feitas via WhatsApp. O suspeito apontou outros nomes e endereços de pessoas que venderiam drogas similares.

A PM montou uma ação para ir atrás dos supostos envolvidos. Um dos locais vistoriados foi um imóvel na Avenida Rui Barbosa, no Bairro Santa Terezinha, Zona Nordeste de Juiz de Fora. O suspeito, 22 anos, confessou aos policiais que havia tóxicos em seu quarto, onde foram encontrados 16 micropontos de LSD, 20 comprimidos de ecstasy, uma embalagem com maconha, um papelote de cocaína, R$ 197 em dinheiro e um celular, no qual a PM acredita que pode haver conversas apontando venda de drogas.

O próximo alvo da PM foi um endereço na Avenida Itamar Franco, Centro de Juiz de Fora, onde morava um suspeito de 45 anos. Foram apreendidos no imóvel 81 comprimidos de ecstasy, cerca de 120 gramas de cocaína, diversos medicamentos usados para misturar entorpecentes, duas caixas de agulhas, uma carabina de pressão, diversas embalagens plásticas e um celular.

Durante a manobra policial, o telefone do primeiro homem preso começou a tocar insistentemente. Ele informou aos policiais que quem ligava era o fornecedor dos comprimidos, que estaria tentando contato para cobrá-lo. Os militares autorizaram que o preso atendesse a ligação e marcasse um ponto para que se encontrassem, no Bairro Estrela Sul, Zona Sul da cidade. Ao chegar ao local, o suspeito de vender o ecstasy, 29 anos, foi flagrado pelos policiais. Ele teria assumido que vendera as drogas sintéticas e confessado que possuía mais drogas em seu apartamento, cujo endereço não foi informado à reportagem. No imóvel foram encontrados seis micropontos de LSD e porções de haxixe, as quais o suspeito disse vender de forma “consignada”. Uma balança de precisão e embalagens plásticas também foram apreendidas. Os quatro presos foram levados para a delegacia.

Tráfico de drogas sintéticas é considerado ‘pequeno’ na cidade

Segundo levantamento da Polícia Militar, em 2018 foram feitas 2.971 prisões e apreensões relacionadas ao crime de tráfico de drogas em toda a área da 4ª Região, que compreende Juiz de Fora e outros 85 municípios. Foram 47.465 papelotes de cocaína apreendidos, 19.228 pedras de crack, 17.330 buchas de maconha, 4.495 tabletes da droga e 696 pés e sementes da planta. Não há, entretanto, estatísticas sobre as drogas sintéticas.

O comandante da 269ª Companhia da PM, responsável pelo policiamento em parte da Zona Norte de Juiz de Fora e pela ocorrência que deu início à ação, tenente Aloísio Vargas, afirmou que as apreensões de drogas sintéticas não são comuns na cidade. Porém, ele destacou que as últimas ações chamam a atenção dos órgãos de segurança pública para o problema. “Se estes suspeitos têm alguma ligação, se formam uma quadrilha, só será descoberto no curso da investigação que será feita pela Polícia Civil. Porém, é possível que tenha mais gente envolvida, é uma malha que pode ser muito grande. Essas prisões despertam para uma situação que estava de certa foram obscura para os órgãos de segurança pública e que mostra que enseja mais atenção. O crime estava silencioso, mas agora estamos com as atenções nisso, para desmantelar esta rede”, disse o oficial.

O titular da Delegacia Especializada Antidrogas, Rogério Woyame, comentou que o tráfico de drogas sintéticas na cidade é pequeno. “Ele ocorre de forma restrita, na maioria das vezes em algumas festas ou boates. Isso se dá pela quantidade do que se consome e pelo preço. As apreensões destas drogas são pequenas. A gente vem acompanhando, fazendo um trabalho em cima disso, averiguando informações”, disse.

 

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