Cesama aponta causas no desabastecimento na Região Leste
Rompimento de rede arterial na Avenida Brasil, aliado a outras situações, como aumento do consumo e falta de chuvas, é apontado como principal fator. Companhia garante que quadro será normalizado ainda esta semana
Um rompimento em rede arterial de distribuição de água na Avenida Brasil foi apontado como causa do desabastecimento em residências na Região Leste de Juiz de Fora. Até esta terça-feira (29), a Tribuna recebeu relatos de problemas em bairros como Marumbi, Progresso e Eldorado, cuja população ainda sofria com a falta d’água. Em entrevista à reportagem, o diretor de Desenvolvimento e Expansão da Companhia de Saneamento Municipal (Cesama), Marcelo Mello do Amaral, esclareceu os motivos das dificuldades no fornecimento. A previsão é que a situação seja totalmente normalizada ainda esta semana.
O problema na rede em questão foi detectado após vazamento no dia 22 de janeiro. Esta tubulação, de acordo com Amaral, é significativa para a companhia, pois atende toda a Região Leste da cidade, seguindo pela margem esquerda do Rio Paraibuna. Ao notarem o escoamento, a dedução foi de que a rede já estava quebrada, porém não havia aflorado, o que prejudicou a recuperação de outros serviços que a Cesama já estava efetuando em bairros como Granjas Bethel e Santo Antônio.
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Para realizar os reparos na rede, foi necessário suspender o fornecimento da Região Leste, o que esvaziou completamente os reservatórios. A situação, somada aos relevos acentuados em determinados locais – causa de maior dificuldade no abastecimento – e ao consumo elevado por parte da população devido aos dias quentes, causou atraso na recuperação da rede. “O sistema foi demandado em uma condição completamente diferente da normalidade. Uma recuperação que, em condições normais, levaria de um a dois dias, se prolongou”, explica o diretor. “Não tivemos a chance de o sistema se recuperar de maneira eficiente.”


Nesta terça-feira (29), a cidade completou 12 dias sem chuva, apenas com precipitações em áreas isoladas. Além disso, o consumo do juiz-forano aumentou em comparação ao ano passado. Em janeiro de 2018, a produção de água pela Cesama foi de 1.472 litros por segundos. Neste mês, foram 1.867, sendo que, normalmente, a companhia trata e distribui aproximadamente 1.500 litros de água por segundo. “Estamos em um janeiro muito atípico. A falta de chuva faz com que a umidade caia e a necessidade de água aumente muito, o que dificulta eventual recuperação em caso de problemas.”
A fim de comparação, Amaral citou uma ocorrência de junho de 2010, quando outra rede com a mesma atribuição da Avenida Brasil se rompeu na Avenida Rio Branco. “Na época, levamos até três dias para ter o abastecimento normalizado, mas isso porque foi em junho e estava frio, era uma condição completamente diferente. Se fosse em um janeiro como esse, teria se propagado por mais de uma semana.” A expectativa do diretor é que, ainda nesta quarta-feira (29), o sistema seja recuperado completamente.
População precisa estar atenta ao uso racional da água
Leitores da Tribuna também relataram problemas no fornecimento de água em bairros como Santa Helena e Alto dos Pinheiros. No entanto, de acordo com Amaral, tais dificuldades ocorrem devido a questões rotineiras, como rompimento de outras tubulações ou serviços de manutenções preventivas, que requerem a paralisação no abastecimento. Ainda segundo o diretor, a companhia trabalha constantemente em programas de substituição da rede distribuidora. “Só no ano passado, nós investimos mais de R$ 8 milhões em substituição de rede.”
O nível dos mananciais de água, sendo dois abaixo do registrado em comparação ao ano passado, foi descartado pela Cesama como problema no abastecimento. Nesta terça-feira (29), a companhia registrou nível de 68,3% na represa de São Pedro. Na mesma data de 2018, era de 93,8%. A barragem de Chapéu D’Uvas também demonstrou baixa comparada ao ano passado. Enquanto este ano o nível está em 50,4%, em 2018 estava 76,9%.
A represa Dr. João Penido, no entanto, está com a capacidade dobrada: 82,3% nesta terça e 39,8% há um ano. “Estamos enfrentando um período sem chuva bem rigoroso, com altas temperaturas, mas os mananciais estão perfeitamente normais. Nós sabemos que a falta de chuva no mês de janeiro é algo que sempre preocupa todo mundo. Como tivemos um dezembro bastante chuvoso, a falta em janeiro, embora seja muito importante, ainda não preocupa tanto.” Porém, conforme Amaral, a população também precisa estar atenta ao uso racional da água.