Perigo no verão


Por Paulo Cesar Guimarães, infectologista e diretor da Faculdade de Medicina de Petrópolis

18/01/2019 às 07h03- Atualizada 18/01/2019 às 07h35

Já chegou o verão e o que nos evocam essas palavras não soa como música. São mais um sinal de alerta para o alto risco de doenças provocadas pelas picadas do Aedes aegypti no período: dengue, zika e chikungunya.

Muito já se falou sobre o grande mal de continuarmos alimentando criadouros de mosquitos em água parada, mas a volta da estação do calor forte e das chuvas mostra que mais ainda precisa ser feito para vencer a luta contra o inseto, em todo o país.

Há campanhas de esclarecimento na TV, ruas inteiras de doentes, óbitos registrados e, mesmo assim, muitos não estão ligando para o problema. Ou até se lembram de evitar a reprodução dos mosquitos, fazendo uma inspeção rápida em casa, para logo esquecer que é melhor remediar do que engrossar as dolorosas estatísticas.

Sem falar na falta de investimentos governamentais em saneamento país afora. O dever de casa vale para o ano todo, da nossa parte e das autoridades.

O drama só piora quando sabemos que o Aedes é que pode transmitir a febre amarela na versão urbana, enquanto os Haemagogus e Sabethes são os responsáveis pelos casos silvestres no Brasil. Tão mais grave que não controlar os mosquitos é seguir fugindo da vacinação contra a doença.

Mais de 480 pessoas já morreram infectadas no Brasil, de julho de 2017 até agora, mas boa parte da população segue com medo da vacina, evitando a ida aos postos de saúde e preferindo ficar exposta às picadas do inseto.

Com as férias em curso, cabe frisar que a vacinação é defesa fundamental para quem viajará para áreas de matas.
O baixo índice vacinal assusta. Só na cidade do Rio, sem vacina, 3,9 milhões de pessoas continuam desprotegidas. Muito do comportamento desleixado se explica pela falsa crença de que o vírus da febre amarela não circula mais.

Há também o problema das ditas fake news, martelando falsas informações sobre a segurança das vacinas. Com menos pessoas protegidas, maior o risco de a febre amarela ganhar as cidades, deixando os limites das matas.

É preciso cada um fazer sua parte para que a febre amarela e as outras doenças transmitidas pelo Aedes não virem uma triste epidemia. Ninguém aguenta tanta estatística negativa. Que 2019 comece com mais saúde!

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