Despesas de vereadores de JF ultrapassam R$ 660 mil no 1º semestre

Valor foi apresentado durante lançamento do 37º informativo semestral do Comitê de Cidadania


Por Leticya Bernadete

23/08/2018 às 21h14- Atualizada 24/08/2018 às 20h32

Comitê-de-Cidadania
Maria Aparecida de Oliveira (à dir.), presidente do Comitê de Cidadania, apresenta o novo informativo do grupo (Foto: Fernando Priamo)

No primeiro semestre de 2018, as despesas com verba indenizatória na Câmara Municipal somaram cerca de R$ 630 mil. Junto a estes gastos, ainda foram gastos outros R$ 31 mil, referentes ao consumo com telefone, totalizando cerca de R$ 660 mil. Os valores foram apresentados nesta quinta-feira (23), durante o lançamento do 37º informativo semestral do Comitê de Cidadania – Comissão Arquidiocesana Justiça e Paz/JF.

Apesar dos excessos, os vereadores estão abaixo do teto indicado para cada legislador. Em Juiz de Fora, o valor individual para verba indenizatória é de R$ 8 mil, o que corresponde a R$ 48 mil por semestre. Castelar (PT) foi o representante que mais gastou, com cerca de R$ 45 mil, enquanto Fiorilo (PTC) foi o mais econômico, com despesas em torno de R$ 10 mil.

balanço do 1º semestre de 2018Há um inquérito civil em andamento no Ministério Público, solicitado pelo Comitê, por conta dos altos valores de despesas dos legisladores. De acordo com Maria Aparecida de Oliveira Corrêa, presidente do grupo, a denúncia também foi movida por haver gastos não reconhecidos pelo Ministério, para aluguel de escritório, por exemplo, que somam mais de R$ 55 mil, além de verbas destinadas a automóveis. “Há vereadores que mantêm escritório fora da Câmara, e esse escritório é mantido pelo dinheiro público. A questão da gasolina também, porque é algo muito sério. Há vereadores que abastecem o próprio carro. É um gasto excessivo de gasolina para uma quantidade de quilometragem que só se tivessem muitas viagens para justificar.”

Outro ponto está relacionado a consultoria técnica. Nos valores apresentados pela comissão, o item corresponde à maior despesa dos vereadores, com mais de R$ 185 mil. “Consultoria técnica é quando se contrata um profissional para esclarecer sobre determinado assunto. Há vereadores que mantêm isso o ano todo. Cada vereador tem oito assessores para ajudarem no seu trabalho de legislativo, mas ainda contratam consultoria técnica durante o ano inteiro. O comitê já denunciou isso várias vezes e eles não têm explicação, não conseguem justificar.”

Democracia
Durante o lançamento, o representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção Juiz de Fora, Bruno Stigert, ministrou a palestra “A importância do voto para a democracia”. O advogado abordou a história e a evolução da democracia e destacou a importância do papel do comitê. “Uma democracia não se faz só quando se elege um representante, a democracia é participativa. Se a comunidade não cobra de quem o representa, o poder político tende a se acomodar e não realizar o interesse da população de um modo geral. Assim sendo, havendo não só o comitê, mas outros grupos como associações, sindicatos, que ativamente participam da reivindicação de direito, temos como consequência uma cidade melhor, uma população mais engajada, com acesso a mais direitos, e, consequentemente, um alcance de um certo bem comum.”

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