Adolescente diz à polícia que era estuprada pelo pai desde os 6 anos
Homem confessou o crime e foi encaminhado ao Ceresp; Garota está sob responsabilidade de terceiros
A denúncia de violência sexual de um pai de 40 anos contra a própria filha, hoje com 16, veio à tona esta semana após duas amigas da jovem descobrirem o crime e procurarem a polícia. O homem, que foi preso pela Polícia Militar, confessou que os estupros eram constantes. Segundo as informações, a vítima era violentada desde os 6 anos de idade. Nesta segunda-feira (20), a menina prestou depoimento na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, que abriu procedimento para apurar o caso.
O inquérito deverá ser remetido à Justiça em dez dias e o suspeito deverá ser indiciado por ameaça e estupro de vulnerável, em continuidade delitiva, uma vez que a adolescente estaria sendo abusada pelo pai há dez anos. Manter qualquer relação sexual com menor de 14 anos é considerado estupro de vulnerável, conforme o artigo 217, da Lei de Crimes Sexuais, com pena de oito a 15 anos de reclusão.
Os abusos sofridos pela adolescente eram contados às amigas por meio de mensagens de celular. No entanto, como o telefone dela era monitorado pelo estuprador, a vítima criou um código para relatar quando os crimes ocorriam. A Polícia Civil irá intimar outras pessoas para serem ouvidas, como os irmãos da jovem e familiares, além de solicitar exames para comprovar se houve conjunção carnal, com recolhimento de material genético da vítima e do suspeito.
Abandonada pela mãe ainda muito nova, a adolescente morava com o pai e um casal de irmãos, um garoto, 17, e uma menina, de 16, na região Nordeste da cidade. Entretanto, para que os estupros não fossem descobertos pelos outros filhos, o homem aumentava o volume da televisão além das recorrentes ameaças de morte à jovem. “Ela chegou a contar para os avós paternos sobre os abusos, mas eles não teriam acreditado. Em janeiro de 2017, ela se mudou para o Rio de Janeiro com a avó, pois a familiar estava em tratamento médico. Tempos depois, a idosa faleceu e a menina foi morar com a mãe. Isso durou apenas duas semanas, mas a mulher se negou a continuar com a filha. Desta forma, a jovem foi obrigada a voltar para o mesmo teto que o pai. Ela não teve saída”, declarou a delegada Ione Barbosa, à frente das investigações. A policial acrescentou ainda que, em seu depoimento, o suspeito afirmou que “via a filha como uma mulher e, portanto, ela era dele”. Segundo as apurações, os abusos ocorriam no banheiro e também no quarto do homem. “Ele sempre trancava as portas e aumentava a televisão, não levantando suspeitas sobre o crime. Ela era obrigada a praticar todo tipo de relação com o homem, inclusive sexo oral desde os 6 anos”. A delegada irá investigar ainda a possibilidade de a outra filha também ter sido vítima do pai.
Frieza ao relatar o estupro
De acordo com o Registro de Eventos de Defesa Social (Reds), uma das amigas procurou a Polícia Militar na manhã do último domingo (19). A adolescente disse aos policiais que precisava muito ajudar a vítima, mas que não sabia como proceder. A menina disse que, há dez anos, vinha sofrendo os abusos do pai. Segundo a Polícia Militar, a frieza com que o homem confessou os crimes deixou os militares “estarrecidos”. Ele teria dito aos policias já ter pesquisado na internet que incesto, nome dado à relação sexual entre parentes, não era crime, mas sim contravenção penal.
A vítima afirmou à colega que “não suportava mais e que precisava de ajuda urgente, pois não tinha mais com quem contar”, inclusive que teria tentado falar com familiares, mas, como não tinha provas, ficou sem apoio, abrindo brecha para que o crime continuasse a ocorrer. Como o pai mantinha constante monitoramento do celular da filha, ela não conseguia pedir ajuda e conversar com as pessoas sobre o que sofria, principalmente devido às ameaças de morte. Porém, ela e as amigas criaram um código para conversar sem que o suspeito desconfiasse das confissões. Segundo a PM, todas as vezes que a vítima era estuprada, mandava uma mensagem escrito “oi…”. Como os militares não tinham o depoimento da vítima e nem provas materiais do crime, não puderam ajudar neste primeiro momento. Porém, cerca de uma hora mais tarde, a menina enviou o código a outra amiga, que também procurou a polícia.
Diante da possibilidade de comprovar o fato, os militares foram até o bairro onde ela mora e fizeram contato com a garota abusada. Segundo o Reds, ela estava em prantos e confirmou os abusos. A menina contou também que era violentada sexualmente pelo pai desde os 6 anos e que, desde esta idade, o pai a tocava em suas partes íntimas, obrigando a fazer sexo oral. A partir dos 11 anos, começaram as relações sexuais, sempre sem preservativo. Ela ainda disse ter medo do homem, e o último estupro havia ocorrido no quarto do pai, logo após ela sair do banho. Na ocasião, ele a esperou na cama e a segurou pelo braço dizendo: “está na hora de fazer”, consumando o ato sexual em seguida.
Vítima está sob responsabilidade de terceiros
Ao ser questionado pelos militares, o homem inicialmente negou os fatos e teria dito que não era a primeira vez que a filha inventava aquilo. Porém, após ser informado que a menina seria levada ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) para comprovar a conjunção carnal, ele confessou os estupro. Em seu relato, ele disse que a adolescente nunca havia reclamado dos abusos e que dava dinheiro a ela em troca dos favores sexuais. Os valores seriam, segundo ele, provenientes da pensão de uma filha mais nova, cuja quantia era administrada por ele, que está desempregado. Ele também contou que monitorava o celular da menina e que não usava camisinha, já que a filha fazia uso de anticoncepcional. Ele foi preso em flagrante e conduzido para a delegacia, sendo encaminhado posteriormente à unidade prisional. A vítima foi levada para o Hospital de Pronto Socorro (HPS), acompanhada por uma conselheira tutelar. Conforme a delegada Ione Barbosa, por se tratar de uma menor de 18 anos e morar com irmãos, também menores de idade, a mãe de uma das amigas responsáveis pela denúncia assinou um termo de responsabilidade e irá responder pela vítima pelos próximos 60 dias.