Primeiro embate
Candidatos à Presidência apresentam suas propostas, mas não explicam sua execução, dando mais ênfase à desconstrução do concorrente
O debate promovido pela TV Bandeirantes, tradicional por ser o primeiro da corrida presidencial, foi do jeito que se esperava: os adversários ainda estão se conhecendo, e os questionamentos foram pontuais, assim como as propostas, mas foi possível perceber os alvos dos próximos encontros. Um deles é o candidato Jair Bolsonaro, que lidera as pesquisas de intenção de votos quando não há a presença do nome do ex-presidente Lula. Com posições extremas em alguns assuntos, foi induzido a se mostrar e não decepcionou. Questionou o controle de armas – que só beneficia os bandidos – e manteve a proposta de levar mais militares para o Governo.
Mas o deputado do PSL, apesar de tudo, não foi o alvo preferencial. Quem mais esteve na alça de mira dos concorrentes foi o tucano Geraldo Alckmin. Sua opção pelo Centrão valeu críticas da maioria, sobretudo de Marina Silva, Guilherme Boulos e do Cabo Daciolo, que em todas as suas intervenções apresentava seu viés evangélico. O ex-governador de São Paulo divergiu de Ciro Gomes na reforma da Previdência e destacou que, apesar do perfil dos aliados, irá governar com gente séria, “como fiz nas minhas gestões em São Paulo”.
Os debates, mesmo considerados moderados, são a melhor oportunidade para os candidatos, uma vez que não terão o mesmo tempo durante a propaganda eleitoral. No confronto, há espaço para conhecer suas virtudes e seus defeitos e, principalmente, se estão ou não aptos a assumir a primeira cadeira da República. As propostas são rasas, mas todos prometeram, especialmente Ciro Gomes, explicar sua execução no curso da campanha. Ele garantiu que vai zerar a fila do SPC, algo que Bolsonaro pagou para ver, embora desejasse sorte ao concorrente para alcançar tal objetivo. Haverá outros enfrentamentos, e, mesmo com a repetição dos temas, será possível afinar a impressão sobre cada um. A democracia permite isso.