Conhecendo a Vinícola Miolo no Vale dos Vinhedos
O Vale dos Vinhedos é parada obrigatória para quem visita o Rio Grande do Sul. O local, que reúne hoje 23 vinícolas associadas, representa um legado histórico, cultural e gastronômico deixado por imigrantes italianos que chegaram por ali em 1875. Estive lá recentemente para participar como jurada do Brazil Wine Challenge 2018 (relembre aqui) e aproveitei a oportunidade para visitar algumas das vinícolas locais.Hoje vou falar da minha ida a Miolo.
A Vinícola Miolo é o berço do Miolo Wine Group. Começou em 1897 com a compra do lote 43 no Vale pelo imigrante Giusepe Miolo. De lá pra cá, a vinícola teve um vertiginoso crescimento, sustentado pela comercialização de seus vinhos finos e espumantes.
Acompanhada do enólogo Rodinaldo Goularte, que trabalha na área de Enoturismo da empresa, fui conhecer as instalações da Miolo de pertinho. Como eu estava hospedada no Spa do Vinho, que fica bem em frente à vinícola, fui à pé mesmo, apreciando a beleza dos vinhedos.
Comecei a visita conhecendo o “vinhedo modelo” que fica em frente à sede da vinícola, onde estão plantadas diversos tipos de uvas viníferas que são utilizadas na produção de vinhos da Miolo, no local, há tanto vinhedos da badalada tinta Cabernet Sauvignon como da pouco conhecida branca Jaén. Ali fiquei sabendo que o grupo Miolo conta com projetos em quatro regiões: Vinícola Miolo (a que eu estava visitando no Vale dos Vinhedos-RS), Seival (Campanha Meridional/RS), vinícola Almadén (Campanha Central/RS) e Vinícola Terranova (Vale do São Francisco-PB), somando aproximadamente 1000 hectares de vinhedos próprios (isso mesmo: 1000 hectares de vinhedos próprios!!!!!!) que rendem, em média, 10 milhões de litros de vinho por ano, o que torna a Miolo Wine Group a maior exportadora de vinhos do Brasil.
Outra informação interessante que obtive ali foi de que o jornalista esportivo Galvão Bueno é também sócio da vinícola e que todos os seus vinhos, mesmo provenientes de outros vinhedos, são vinificados na sede da Miolo no Vale dos Vinhedos.
Em seguida fomos conhecer os tanques de elaboração e as caves de espumante e envelhecimento, onde havia cerca de 1500 barricas de carvalho americanas e francesas. Nessa hora, pude entender o porquê de a Miolo ter uma das maiores caves do Brasil. O local é enorme com barricas pra todos os lados!!!!
Agora o ponto alto do passeio foi ter podido degustar o vinho Lote 43 2012 dentro da cave onde a família Miolo guarda seus melhores vinhos. Muito chique!;) Pra quem não sabe, o Lote 43 é o vinho ícone da vinícola e carrega esse nome porque, como já falei lá em cima, o Lote 43 foi o primeiro lote de terra para iniciar o plantio das videiras da empresa. Na verdade, o vinho ainda hoje é produzido com uvas provenientes dos vinhedos deste lote.
Wine Garden da Miolo
Dando prosseguimento à visita fui conhecer o Wine Garden da Miolo que é, na verdade, um wine bar a céu aberto que visa estimular os sentidos dos visitantes através do contato com a natureza e a degustação dos vinhos da vinícola. Por ali a movimentação é intensa. O espaço trabalha com o conceito de arquitetura efêmera, sempre se renovando e procurando novas formas de fazer o local sempre atrativo. O Wine Garden oferece também um piquenique com serviço de alimentação e venda de vinhos e espumantes em taça.
Degustação em primeira mão do Lote 43 2018
Por último, paramos para a degustação de alguns dos principais rótulos da vinícola: Tive a oportunidade de beber o Terranova Moscatel, que é produzido na região nordeste no Vale do São Francisco; o espumante Brut Miolo Rosé, um rosé bem refrescante e fácil de beber; o Miolo Giuseppe Cuvée Chardonnay, primeiro branco super premium criado pela Miolo; o Miolo Giuseppe Cuvée Merlot/Cabernet Sauvignon 2016, um tinto de guarda estruturado e equilibrado, e o Lote 43 2018 que ainda está maturando (ele vai ficar mais seis meses em barrica e 2 anos em garrafa antes de ser comercializado). Esse vinho estava realmente impressionante. Bastante frutado com nuances sutis de tabaco e chocolate. O tanino que eu pensei que estivesse agressivo, estava bem domado com mostras de que iria melhorar. A persistência mostrou-se excelente e o volume em boca perfeito, bem cheio. Frutas negras maduras apareceram no paladar com notas de pimenta. Agora, anotem aí: é esperar 2021 para poder comprar esse vinho!:)
Vale lembrar que as visitas à vinícola acontecem de segunda a sábado das 9h às 16h30min e domingo e feriados das 10h30min às 15h30min e custam R$30,00 com R$10,00 revertido em compras. Todos os anos, cerca de 200 mil pessoas passam por ali, segundo me informou a equipe responsável pelo Enoturismo da Vinícola.
Projeto Winemaker
O programa Winemaker Miolo, que este ano completa 10 anos de existência, está destinado a formar enólogos amadores. É o primeiro projeto brasileiro com esse intuito. A turma que tem início em agosto está com inscrições abertas. Até junho de 2019, reuniões periódicas vão reunir um grupo de enófilos que têm em comum, além da paixão pelo vinho, o desejo de elaborar o próprio rótulo. Durante o Winemaker Miolo, os participantes se envolvem em todo o processo de elaboração de um vinho, desde o vinhedo até o desenvolvimento do design do rótulo. O projeto é integralmente supervisionado por Adriano Miolo, enólogo da vinícola, e pela equipe técnica do grupo.
Informações e inscrições pelo e-mail [email protected] ou pelos telefones (54) 2102-1553 e (54) 9 81141155. O contato deve ser feito com Vanessa Belatto.
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