Após acolhimento de denúncia, Pimentel mantém agenda
Um dia após a ALMG dar andamento à solicitação de impedimento do governador, petista visita Uberaba e encontra o presidente da Assembleia, Adalclever Lopes
Um dia após ver a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) acolher uma denúncia que pede seu impeachment, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), tentou manter sua rotina administrativa inalterada. Nesta sexta-feira (27), o petista esteve em Uberaba, onde assinou decreto que institui a Comissão de Estudos Estratégicos para a Cadeia Produtiva de Lácteos de Minas Gerais.
O Governo do Estado, por meio do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), ainda lançou uma linha de crédito para apoiar pequenos produtores rurais na aquisição de matrizes de maior valor genético. No Triângulo Mineiro, em outro evento, Pimentel se encontrou com o presidente da ALMG, o deputado estadual Adalclever Lopes (MDB) pela primeira vez, após a Casa ter dado andamento ao pedido de impeachment assinado pelo advogado Mariel Marra. Apesar das especulações acerca de possível desgaste entre os chefes dos poderes Executivo e Legislativo mineiro, o clima entre os políticos foi ameno, e dois, inclusive, posaram para fotos.
Se o clima foi de serenidade diante das Câmara, as afirmações de que o andamento da denúncia se deu por conta de possível insatisfação de Adalclever com posicionamentos recentes de Pimentel são diversas e reforçadas por fontes tanto da oposição ao Governo, como da situação. Especula-se que uma das principais motivações para o esfriamento das relações entre petista e emedebista teria sido a transferência do título de leitor da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para Belo Horizonte, o que viabiliza um possível candidatura de Dilma ao Senado.
Antes parceiro de Pimentel nas discussões legislativas, Adalclever estaria trabalhando para ser um único candidato a senador em uma possível composição entre PT e MDB para a disputa do Governo, em projeto de reeleição de Pimentel. Outros fatores que motivaram o afastamento entre Pimentel e Adalclever seria o atraso nos repasses de duodécimos à ALMG e o vazamento da informação de que o petista poderia indicar o Secretário de Estado de Casa Civil, Marco Antônio Rezende, para a vaga aberta no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Manutenção da agenda
No evento da manhã, em Uberaba, o governador falou sobre a manutenção de sua agenda política e administrativa após o acolhimento da denúncia que pede seu afastamento. “Eu estou aqui como governador do Estado. Houve quem me sugerisse que adiasse esta agenda. Eu disse ‘não’. Eu vou porque acho que o Estado tem que publicamente prestar um tributo aos produtores rurais de Minas Gerais. São eles que fazem com que o Estado mantenha esta estabilidade que fazem inveja em outros Estados”, afirmou, conforme noticiado pelo jornal “O Tempo”.
Presidente da ALMG, Adalclever também comentou sobre o andamento do pedido de impeachment na ALMG. “Será como todos os outros, vamos receber o pedido e uma comissão será criada para analisar. Ninguém está torcendo para dar certo ou dar errado. Vai depender do conteúdo das provas. Minha parte é ler o pedido, quem analisa o conteúdo é a Comissão”, afirmou, em posicionamento também veiculado pela publicação de Belo Horizonte. Adalclever, no entanto, se esquivou sobre sua posição sobre um possível impedimento do petista, reforçando que “presidente não vota”.