Fiat Punto: quando menos é mais
Pode-se dizer que o Punto andou em direção à racionalidade de um ano para cá. O modelo da Fiat sempre brigou no segmento de compactos superiores, que reúne modelos bem acabados e com bom nível de equipamentos, mas sem apresentar um custo/benefício muito atraente. Mas, desde a reestilização que a linha sofreu no meio do ano passado, o hatch se tornou uma compra muito mais sensata. E a versão Essence é a que melhor evidencia isso. Em 2011 custava R$ 47.350 e atingia R$ 62.180 quando completa. Hoje é mais equipada de fábrica, mas parte de R$ 42.590 e chega a R$ 55.712 quando "armada" ao máximo.
O melhor custo/benefício do Punto foi rapidamente reconhecido e absorvido pelo mercado. Tanto é que as vendas saltaram depois do face-lift. Se antes ficavam na média de 2.700 exemplares mensais, hoje já batem quase nas cinco mil unidades. Dessa forma, o modelo da Fiat lidera com folgas o seu segmento, à frente de Citroën C3, Ford New Fiesta, Chevrolet Sonic e do veterano Volkswagen Polo – que, em 2002, inaugurou o nicho de compactos superiores nacionais.
Mas as alterações realizadas pela Fiat no ano passado não se restringiram à rearrumação dos preços. As versões também foram atualizadas. A Essence 1.8 desapareceu. Agora, a linha está bem mais organizada. A de entrada é a Attractive 1.4, a intermediária é a Essence 1.6, a "esportivada" é a Sporting 1.8 e o real esportivo é o T-Jet 1.4 Turbo. Ou seja, cada motor com uma versão. Mais simples, impossível.
Em termos de alterações estéticas, as principais foram destinadas ao interior. A cabine ganhou apliques de plástico emborrachado semelhantes aos usados no Bravo. O painel de instrumentos também é novo e é rodeado por dois círculos pronunciados que parecem copos. Do lado de fora, as mudanças foram mais pontuais. Na frente, o hatch ganhou a identidade da Fiat por aqui com direito ao "bigodinho" do 500. O para-choque também é novo e conta com um grande aplique de plástico preto que abriga as luzes de direção nas extremidades. De lado, tudo igual – apenas as rodas são diferentes. Atrás, mais sutilezas. As lanternas ganharam luzes de led e o para-choque combina com o da frente, com um grande pedaço sem pintura, com revestimento em plástico preto. O visual, por sinal, é derivado do Punto Evo, vendido na Europa entre 2009 e 2012, mas que não agradou muito por lá.
Em termos mecânicos, a única mudança foi no câmbio automatizado Dualogic. Ele ganhou a atualização mais recente e ainda recebeu a alcunha "Plus". Na prática, ele adicionou duas funções importantes. A primeira é a "creeping", que faz o carro andar assim que se tira o pé do freio – como nos modelos com câmbio automático. A outra, o impronunciável "auto-up shift abort", serve para impedir que o sistema troque de marcha quando o motorista está acelerando o máximo possível. No resto, o motor 1.6 16V continua a desenvolver 115/117cv a 5.500 rpm e torque máximo de 16,2/16,8 kgfm a 4.500 giros. Conjunto capaz de levar o carro de zero a 100km/h em 10,3 segundos e à velocidade máxima de 184km/h.
Em termos de equipamentos, o Punto também está melhor recheado. O Essence já vem de fábrica com ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, faróis de neblina, chave canivete com telecomando, airbag duplo e freios com ABS. A lista de opcionais adiciona itens como rádio/CD/MP3/USB/Bluetooth, sensor de estacionamento traseiro e teto solar elétrico. Tudo isso por R$ 42.590. O câmbio automatizado Dualogic Plus adiciona R$ 2.285 à conta – e ainda mais R$ 292 pelas charmosas borboletas para trocas de marcha manuais no volante.
Impressões ao dirigir
É preciso um par de olhos treinados para notar as diferenças externas do novo Punto em relação ao anterior. As modificações realmente foram pequenas, apenas o suficiente para dar algum ar de novidade ao carro. O mesmo não se pode dizer do interior. O trabalho da Fiat no acabamento de seu compacto é realmente notável. O aplique de plástico emborrachado na parte central do painel lembra muito o do Bravo, modelo maior na linha da fabricante italiana. O resto acompanha a boa sensação – inclusive o belo volante que tem ótima pegada. A cabine bonita e bem acabada é importante em um segmento que a percepção de qualidade impera.
Em movimento, é fácil perceber que a Fiat praticamente não alterou a mecânica do Punto. O que significa que o comportamento dinâmico se manteve – para o bom e para o mau. O motor 1.6 16V continua "preguiçoso" em rotações baixas. É preciso paciência para levá-lo a giros médios e altos quando ele, de fato, mostra um desempenho animador.
Já o equilíbrio em curvas se manteve. O Punto sempre foi um carro bem acertado em termos de suspensão e a reestilização não mudou isso. É claro que não chega a ser um esportivo, mas está longe de ser um carro "molenga", avesso às estradas sinuosas. O conforto ao rodar também foi preservado. O conjunto de suspensão absorve com bastante competência as imperfeições das estradas.
A grande mudança ficou restrita ao câmbio automatizado Dualogic. E a adição do "Plus" ao fim do nome realmente se justifica. Não é que ele se tornou uma transmissão agradável de ser utilizada no dia-a-dia, mas quando se compara com as primeiras gerações do Dualogic, é uma evolução e tanto. As trocas continuam bruscas, com trancos, mas ficaram minimamente mais suaves. O uso em baixas velocidades, na hora de estacionar, por exemplo, está bem melhor. A função "creeping" conserta uma falha clássica dos carros equipados com a transmissão, que eram difíceis de estacionar – principalmente em ladeiras. Nas estradas, quando a opção é por uma tocada mais ousada, as borboletas atrás do volante ajudam e conseguem imprimir uma sensação maior de esportividade ao hatch.
Ficha técnica
Fiat Punto Essence 1.6 16V Dualogic Plus
Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.598cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro. Comando simples de válvulas no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automatizado de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira.
Potência máxima: 115cv com gasolina e 117cv com etanol a 5.500 mil rpm.
Aceleração 0-100km/h: 10,5 segundos com gasolina 10,3 segundos com etanol.
Velocidade máxima: 181km/h com gasolina e 184km/h com etanol.
Torque máximo: 16,2kgfm com gasolina e 16,8kgfm com etanol a 4.500 rpm.
Diâmetro e curso: 77 mm X 85,8 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com braços oscilantes fixados em subchassi, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos pressurizados e barra estabilizadora. Traseira com rodas semi-independentes, com barra de torção, barra estabilizadora integrada e amortecedores hidráulicos pressurizados. Não oferece controle de estabilidade.
Pneus: 195/55 R15.
Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. Oferece ABS com EDB.
Carroceria: Hatch em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 4,06 metros de comprimento, 1,68m de largura, 1,49 m de altura e 2,51m de entre-eixos. Oferece airbags frontais de série.
Peso: 1.210kg.
Capacidade do porta-malas: 280 litros.
Tanque de combustível: 60 litros.
Produção: Betim, Brasil.
Lançamento no Brasil da versão: 2012.
Itens de série: Ar-condicionado, apoios de cabeça com regulagem de altura, banco do motorista com regulagem de altura, chave canivete com telecomando, computador de bordo, direção hidráulica, faróis de neblina, airbag duplo, freios com ABS e EBD e trio elétrico.
Preço: R$ 42.590.
Opcionais: Banco traseiro bipartido, câmbio Dualogic Plus, rádio/CD/MP3/USB/Bluetooth, sensor de estacionamento traseiro, teto solar, retrovisor interno eletrocrômico, sensor de chuva e luminosidade, borboletas para trocas manuais de marcha atrás do volante, cruise control e volante de couro com comandos do rádio.
Preço completo: R$ 55.712.