Oito em cada dez compram na Ășltima hora
Atraso nas compras se tornou mais comum no perĂodo de crise; comĂ©rcio aposta no horĂĄrio diferenciado e promoçÔes
*colaborou FabĂola Costa
Oito em cada dez juiz-foranos deixam as compras de Natal para a Ășltima hora, segundo estimativa do Sindicato do ComĂ©rcio de Juiz de Fora (SindicomĂ©rcio-JF). O comportamento tem ganhado mais adeptos nos Ășltimos anos por conta da crise econĂŽmica. Vivendo com o dinheiro contado, o consumidor tem dificuldade para comprar de forma antecipada. Para muitos, o pagamento da segunda parcela do 13Âș salĂĄrio, realizado em 20 de dezembro, Ă© o que possibilita o consumo para a data. Com base nesta realidade, o comĂ©rcio busca se adaptar para nĂŁo perder as vendas. AlĂ©m do funcionamento com horĂĄrio estendido, os estabelecimentos realizam promoçÔes para atrair a clientela, conforme mostrado em reportagem da Tribuna. A expectativa do setor Ă© garantir resultados melhores do que 2016, com crescimento real de atĂ© 5% em relação ao ano passado.
Neste domingo (24), vĂ©spera de Natal, o comĂ©rcio terĂĄ expediente atĂ© Ă s 18 horas. As lojas de rua, do Mister Shopping e do Santa Cruz Shopping estĂŁo autorizadas a funcionarem a partir do 12h. A abertura do IndependĂȘncia Shopping estĂĄ marcada para Ă s 10h. JĂĄ no Shopping Jardim Norte, os lojistas poderĂŁo optar em abrir a partir das 9h ou 10h. “O setor tem tentado se adequar ao comportamento do consumidor. A rotina das pessoas estĂĄ cada vez mais atribulada, corrida, e a maior parte delas deixa para comprar nos Ășltimos trĂȘs dias”, observa o presidente do SindicomĂ©rcio-JF, Emerson Beloti.
A dificuldade financeira Ă© outro fator que motiva o atraso, conforme explica o presidente da CĂąmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), Marcos Casarin.
“Muito se fala que o brasileiro tem a cultura de deixar as compras para Ășltima hora, mas eu vejo mais como uma necessidade do que um hĂĄbito. Por isso, este comportamento tem se estendido a um nĂșmero maior de pessoas durante a crise. O consumidor nĂŁo tem dinheiro sobrando para fazer as compras antecipadas. Na vĂ©spera da data, ele jĂĄ recebeu a segunda parcela do 13Âș e sabe se ganhou algum presente que nĂŁo vai precisar constar na lista.”
Apesar da retração na economia, o comĂ©rcio estĂĄ otimista com a data. A expectativa Ă© de lojas cheias neste domingo, e resultados melhores do que o ano passado. “O Natal Ă© uma data comemorativa que tem forte apelo junto aos consumidores. Com a inflação em baixa, estimamos um crescimento real entre 2% e 3% em relação ao ano passado. Acreditamos que a movimentação serĂĄ grande e, por isso, apostamos no horĂĄrio especial, como forma de dar mais conforto para quem compra e diluir essa demanda, para nĂŁo desgastar o funcionĂĄrio”, diz Beloti.
“NĂłs acreditamos em aumento de vendas, seguindo a expectativa nacional de crescimento entre 4% e 5%. Ă claro que o comĂ©rcio precisa estar preparado, Ă© uma mĂ©dia e nĂŁo uma regra. Quem oferecer um bom atendimento e diversidade nos produtos pode conseguir crescer mais, quem nĂŁo o fizer pode ter uma queda”, analisa Casarin. “NĂłs passamos os Ășltimos anos acompanhando a redução das vendas. O otimismo em conseguir aumentĂĄ-las este ano jĂĄ Ă© um fator muito positivo.”
Ăltima hora
Passos apressados, sacolas nas mĂŁos, sol a pino e CalçadĂŁo cheio de gente que deixou – se nĂŁo toda, parte das compras de Natal para a Ășltima hora. Para alegria da criançada, o trenĂł foi para o meio da calçada e o gorro, usado por coralistas, vendedores e consumidores, deixou de ser exclusividade do Bom Velhinho, que suava mais do que o de costume. A Banda Tenente JanuĂĄrio, que tocava em frente ao Cine-Theatro Central, conseguiu dar uma pausa no ritmo frenĂ©tico da manhĂŁ deste sĂĄbado. As tendas com cervejas artesanais espalhadas pela Rua SĂŁo JoĂŁo garantiam o refresco para as gargantas secas e os pĂ©s cansados, alĂ©m de estimular o brinde antecipado do Natal.
No meio da confusĂŁo caracterĂstica do Centro Ă s vĂ©speras da data, uma famĂlia inteira, que jĂĄ tinha quitado a lista natalina, decidiu antecipar as compras de material escolar. De olho na expectativa de aumento de preços na virada do ano, a dona de casa Tatiana Meckler Sacelote enfrentou ruas cheias, resolveu a demanda e garantiu economia no bolso. JĂĄ a auxiliar de escritĂłrio Bianca Silva estĂĄ na função de quitar a lista de presentes hĂĄ duas semanas. Antecipou o que pĂŽde, mas faltaram lembranças na Ășltima hora. Bianca enfrentou lojas cheias e, com a experiĂȘncia de ter pesquisado antes, percebeu que, quem conseguiu antecipar, garantiu melhores condiçÔes de compra.