Bancários denunciam retirada de direitos após Reforma Trabalhista
Movimento nacional organizado por funcionários do Santander teve adesão em JF e questiona medidas do banco, que teve serviços reduzidos nesta quarta
Em adesão ao movimento nacional organizado pela Comissão Organizativa dos Empregados (COE) do Santander, com apoio de sindicatos de todo o país, a oferta de serviços do banco está reduzida nesta quarta-feira (20). Na agência localizada na Rua Halfeld, no Centro, 28 dos 30 trabalhadores participam de um protesto em frente ao local junto de representantes do Sindicato dos Bancários da Zona da Mata e Sul de Minas (Sintraf JF). Apenas os caixas eletrônicos e o serviço de compensação de cheques estão em funcionamento. Em outras agências, as demais atividades foram mantidas, mas são executadas por um número menor de funcionários. O movimento alega que o banco estaria utilizando informações da nova Reforma Trabalhista de maneira errada e, assim, retirando direitos estabelecidos em convenção coletiva.
Procurada pela Tribuna, a assessoria do Santander confirmou que “uma manifestação sindical realizada esta manhã, tendo como pauta a reforma trabalhista, impediu a abertura de algumas agências e áreas administrativas do Banco” e afirmou que “a situação está sendo normalizada”. Já o Sintraf garantiu que a oferta de serviços permanecerá reduzida ao longo do dia.
“Uma das cláusulas da Reforma Trabalhista permite a negociação sobre a adesão ou não do trabalhador ao banco de horas. O Santander está bloqueando o ponto dos funcionários de forma que a adesão que deveria ser espontânea tornou-se obrigatória”, afirma o diretor de formação sindical do Sintraf JF, Robson Marques. Segundo ele, a prática começou em dezembro. “Até então, o banco de horas sempre foi negociado com o Sintraf JF. Sabemos que a reforma tenta enfraquecer a atuação dos sindicatos, mas ela garante a negociação direta com o trabalhador, o que neste caso também não ocorreu.”
Outra queixa dos trabalhadores é quanto ao anúncio de alteração na data de pagamento. “Há mais de 40 anos, quando o Santander ainda era Banespa, os trabalhadores recebem no dia 20 de cada mês. Agora decidiram mudar para o dia 30. Esta lacuna de dez dias prejudica o trabalhador que já programou suas contas”, observa Robson. “O banco está desrespeitando a nossa convenção coletiva. É um assédio moral organizacional.”
O Santander possui oito agências em Juiz de Fora que somam mais de 90 trabalhadores.