‘Thor: Ragnarok’ tem pré-estreia em Juiz de Fora
Filme aposta na comédia para emplacar de vez o Deus do Trovão da Marvel na tela grande
Ah, Poderoso Thor. O Deus do Trovão da mitologia nórdica sempre foi protagonista de algumas das mais importantes sagas épicas da Marvel desde que foi adaptado para os quadrinhos por Stan Lee e Jack Kirby, na década de 1960, continuando assim nas mãos igualmente hábeis de Roy Thomas, John Buscema, Garth Ennis, Jason Aaron e Esad Ribic. Mas que nunca teve o mesmo impacto no cinema, pelo menos em seus filmes solo. Se nos dois “Vingadores” ele surgia como bom contraponto cômico, em “Thor” (2011) e “Thor: O mundo sombrio” (2013), as histórias perdiam força por ficarem entre o drama épico e shakespeariano dos conflitos entre a família real de Asgard (um dos motivos para Kenneth Branagh ter sido escolhido para dirigir o primeiro longa do herói) e o tom cômico de quando Thor estava em Midgard (a nossa Terra). Pois a Marvel resolveu mudar o jogo com “Thor: Ragnarok”, que tem pré-estreia nesta quarta-feira e chega ao Brasil com uma semana de antecedência em relação aos Estados Unidos.
Para tornar os filmes estrelados pelo personagem menos insípidos, o estúdio tinha duas opções. A primeira era levar para a tela grande o tom épico da própria mitologia nórdica e que marcou a trajetória do Deus do Trovão desde quando foi adaptado para as HQs. E era o que parecia quando foi anunciado que o terceiro longa ganhou o subtítulo “Ragnarok”: afinal, este é o Apocalipse da mitologia viking, em que todo o universo é destruído para depois renascer, com todos os aesires (habitantes de Asgard) sendo mortos e indo para a morada final, Valhalla. Já se imaginava uma série de batalhas épicas, Thor enfrentando Jormungand, a Serpente de Midgard, Surtur e Hela chegando para aumentar a destruição. O caos em um banho de sangue, uma história com a grandiosidade das batalhas de “O Senhor dos Anéis” e o drama de “Game of Thrones”.
Pois a Marvel resolveu optar pela segunda opção, privilegiando a comédia e o humor escrachado, muito em razão do sucesso dos dois volumes de “Guardiões da Galáxia” e o surpreendente êxito de “Deadpool”. Para provar que o estúdio estava a fim de ter um Thor menos dramático e sisudo, aproveitando o excelente timing cômico de Chris Hemsworth (que interpreta o Deus do Trovão), a Marvel contratou para a direção o neozelandês Taika Waititi, conhecido pela hilária série de TV “Flight of The Conchords” e filmes independentes como “O que fazemos nas sombras”.
Para reforçar o elenco, que além de Hemsworth tem a volta de Tom Hiddleston como Loki, Idris Elba interpretando Heimdall e Anthony Hopkins no papel de Odin, foram contratados Cate Blanchett (Hela, a Deusa da Morte), Jeff Goldblum (Grão Mestre), Tessa Thompson (Valquíria) e Karl Urban (Skurge). Para fechar, Benedict Cumberbatch faz sua segunda participação no Universo Cinematográfico da Marvel no papel do Doutor Estranho, e Mark Ruffalo diz presente na pele esverdeada do Incrível Hulk.
Histórias cruzadas
A história mistura a lenda de Ragnarok e uma das histórias mais queridas entre os fãs das HQs, “Planeta Hulk”, seguindo do ponto em que “O mundo sombrio” terminou. Asgard continua sendo governada por Loki (Hiddleston), ainda disfarçado sob a pele de Odin (Hopkins), que está desaparecido. Quem se aproveita desse momento para tomar Asgard e tentar destruir os Nove Mundos é Hela (Blanchett), que derrota tanto o Deus da Trapaça quanto Thor, além de destruir Mjolnir.
Os dois são teletransportados até Sakkar, um planeta perdido nos confins do universo e que recebe a escória de todas as galáxias. Thor é feito de escravo e colocado para lutar na arena do Grão Mestre (Goldblum), onde encontra ninguém menos que o Hulk (Ruffalo), desaparecido desde o final de “Vingadores: A Era de Ultron”. Ao lado de seu colega Vingador, mais Loki e Valquíria (Thompson), Thor precisa se libertar do julgo do Grão Mestre e retornar para Asgard a fim de impedir os planos de Hela, além de descobrir o paradeiro de Odin.
A decisão anunciada de apostar no humor em um filme que tem como mote principal o fim de todas as coisas fez com que os fãs mais radicais clamassem por sangue real, mas as primeiras reações ao longa têm sido positivas, ainda que fazendo ressalvas a alguns dos cacoetes que a Marvel parece incapaz de se livrar em suas produções, como piadas fora de hora e vilões que não dizem muito bem a que vieram.
No geral, as cenas de ação, a interação entre Thor e Hulk, as interpretações de Goldblum, Thompson e Blanchett e a versão mais cômica – até mesmo pateta – do Deus do Trovão têm agrado à crítica, que há tempos elogia a veia de comediante mostrada por Chris Hemsworth em longas como “Férias frustradas” – e mesmo no fracasso que foi a nova versão de “Caça-Fantasmas”. Outro ponto positivo é o visual retrofuturista do longa, tanto nos cenários quanto nos figurinos, que remetam ao visual alucinante que Jack Kirby imprimia às aventuras de Thor na década de 60, com muita cor e formas geométricas inacreditáveis.
THOR: RAGNAROK
UCI 2 (3D/dub): meia-noite (qua). UCI 3 (3D/leg): meia-noite (qua).
Classificação: 12 anos