Preços baixos são um convite às compras
Crise reduziu demanda, estabilizando ou mesmo reduzindo preços de imóveis; momento é favorável à compra, mas exige atenção de investidores
O planejamento financeiro para a compra da casa própria vai além de poupar dinheiro e avaliar as melhores condições para pagamento oferecidas por bancos e construtoras, conforme detalhado na última reportagem do caderno Meu Imóvel da Tribuna de Minas. É preciso que o consumidor verifique se é uma boa hora para realizar o investimento. Uma avaliação do cenário pode indicar se é melhor guardar o recurso poupado para render mais ou se é o momento certo para comprar um imóvel. Especialistas alertam para a importância de considerar os impactos das crises política e econômica no setor imobiliário. Nos últimos anos, a retração da economia brasileira reduziu a demanda por moradia e freou os preços, mas a expectativa é de que a retomada do mercado comece a partir de agora. E este é o momento propício à negociação.
“A demanda ainda está desaquecida, e há oferta representada pela conclusão das obras iniciadas e pela necessidade de novos lançamentos, já que as construtoras precisam manter os empregos”, avalia a professora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e integrante do projeto Conjunturas e Mercados Consultoria, Fernanda Finnoti Perobelli. “Entre abril e maio, o preço médio do imóvel residencial construído no país registrou queda de 0,16%, a maior dos últimos cinco anos. Com certeza, pode ser uma boa hora de comprar um imóvel se o consumidor estiver preparado financeiramente”, diz o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos.
O Guia Imóveis 2017, projeto realizado pela revista “Exame” em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), mapeou preços de imóveis em mais de 200 cidades brasileiras e constatou que este é o melhor momento, dos últimos dez anos, para negociar preços e conseguir descontos. A justificativa dada pela publicação é de que muitos empreendimentos estão sendo vendidos por valores mais baixos para que os proprietários não amarguem prejuízo. O estudo mostrou, ainda, que o preço do metro quadrado nos principais municípios do país registrou queda de 5% em 2016.
Em Juiz de Fora, a movimentação do mercado foi menos agressiva. Segundo informações da Associação Juiz-Forana de Administradores de Imóveis (Ajadi), “as pesquisas nacionais são embasadas, principalmente, nas capitais, onde a oferta de imóveis é bem maior. Na cidade, os preços pararam de subir e ficaram estáveis nos últimos dois anos”. A associação confirma que o momento é bom para fechar negócio. “Esperamos o início de uma retomada ainda em 2017, por isso, agora é a hora para garantir o imóvel antes de os preços voltarem a subir.”
Mercado está mais aberto a negociações
O empresário Wilson Rezende Franco, sócio do Grupo Rezato, explica como ocorreu a oscilação dos preços diante da crise. “O ano de 2017 começou com valores até 25% mais baratos em comparação com 2014. Isto por si só já facilita a compra. O mercado também está mais aberto às negociações. Por conta destas condições favoráveis, nós começamos a enxergar o início de uma reação.”
Segundo ele, a expectativa é de que o setor volte a crescer. “Vivemos uma forte retração nos últimos tempos. O ano de 2015 foi o pior dos últimos 15 anos. Mas agora as pessoas estão começando a mudar o comportamento e entender que não é possível parar a vida por causa da crise. Estimamos que, nos próximos dois anos, teremos crescimento de 10% das vendas.”
Wilson ressalta que, apesar do momento favorável, é importante o consumidor se preparar financeiramente. “Um dos principais pontos a ser analisado é a capacidade financeira. A pessoa deve dar um passo de cada vez. É melhor comprar um imóvel mais barato e que caiba no orçamento para, posteriormente, adquirir outro, do que escolher um fora das condições e não conseguir quitá-lo e causar frustração.”
Orientação
O gerente de vendas da imobiliária Universal Imóveis, Luciano Esteves, destaca a necessidade de o comprador buscar informações especializadas. “Com o aumento de imóveis disponíveis para venda, os preços tendem a retrair. Esse cenário realmente se torna propício para a compra. Então, sem dúvida, é um momento de conseguir bons negócios, porém é sempre importante não se aventurar sozinho. É necessário o suporte de empresas e profissionais que possam reduzir o risco das negociações, tornando o momento da aquisição o mais tranquilo possível.”
Oportunidades
Os juiz-foranos estão atentos às oportunidades de negociação com o mercado imobiliário. Nos dias 24 e 25 de junho, quando foram realizadas simultaneamente as edições do Salão do Imóvel e do Feirão da Caixa no Shopping Jardim Norte, mais de 400 contratos para compra de imóveis foram firmados, conforme informações da assessoria da Caixa Econômica Federal.
Cerca de quatro mil pessoas passaram pelo local durante os dois dias de evento, que alcançou R$ 67 milhões em geração de negócios. Na ocasião foram ofertadas mais de três mil opções de imóveis novos, usados e na planta. As unidades foram comercializadas com condições de até 90% de financiamento do valor e prazo de até 35 anos para pagamento.
Perfil do investidor deve ser avaliado
Se o momento é propício para quem deseja comprar o primeiro imóvel, ele exige mais atenção de quem pretende comprar para investir no segmento, já que a demanda por moradia está dando os primeiros sinais de recuperação. “Para quem está pagando aluguel, esta é uma boa hora para comprar. Quem deseja investir precisa estar atento às oportunidades, pois é melhor ter o dinheiro da compra na mão do que um imóvel sem uso”, diz o presidente da Abefin, Reinaldo Domingos.
Para a economista Fernanda Perobelli, as residências mais baratas podem ser bons investimentos para locação. “Os imóveis mais atraentes para serem adquiridos no mercado ‘físico’ – ou seja, ‘fora’ dos fundos imobiliários, que investem em imóveis de alto valor para fins comerciais em regiões aquecidas – são os de menor valor. Estes costumam gerar um rendimento mais atraente.” Ela exemplifica que um apartamento de R$ 120 mil adquirido pelo programa Minha Casa, Minha Vida numa região de demanda permanente, como é o caso do Bairro São Pedro, próximo à UFJF, pode ser alugado por R$ 1.200 mensais, o que representa um retorno bruto de 1%, enquanto um residencial com custo de R$ 600 mil será alugado por R$ 2.000 por mês, o que significa retorno bruto de 0,33%.
Na avaliação de Fernanda, a demanda por residenciais deve crescer apenas em 2018. “O setor é muito sensível a incertezas. Entretanto, a longo prazo, sempre haverá demanda. Pessoas saem de casa, se casam, iniciam novos negócios. A vida precisa de imóveis para crescer e prosperar, sejam eles próprios ou para locação.”