Apito da Joalheria Meridiano continua soando ao meio-dia


Por LEONARDO TOLEDO

07/02/2012 às 07h00

Registrado como bem cultural imaterial de Juiz de Fora, o tradicional apito do meio-dia continua soando pontualmente, apesar de a Joalheria Meridiano não funcionar mais na Galeria Pio X há mais de um mês. Mesmo tendo mudado de endereço na virada do ano, um funcionário da loja aciona diariamente o dispositivo, localizado ao lado do elevador da galeria, próximo à entrada da Rua Halfeld. O apito não vai deixar de tocar, assegura um dos herdeiros da joalheria, o empresário Roberto Villela Vieira.

O dispositivo é parte da vida dos juiz-foranos desde 1927, quando foi inaugurado por Arthur Vieira, então proprietário da Meridiano. O reconhecimento de sua importância cultural para a cidade foi oficializado em 2004, sendo o primeiro bem imaterial registrado no município. O decreto sancionado pelo então prefeito Tarcísio Delgado cita a permanência da sirene como elemento da vida urbana de Juiz de Fora e o fato de ter pontuado momentos históricos, como a Segunda Guerra Mundial.

Meio de comunicação

Ao instalar o apito, Arthur Vieira dava continuidade a uma tradição inaugurada em 1922 pelo Colégio Cristo Redentor, em homenagem ao centenário da declaração da Independência. O equipamento adquirido da General Eletric era ajustado com rigor, a partir do horário de Londres, transmitido via rádio. O som era disparado 30 segundos antes do meio-dia, soando por um minuto exato.

O sinal chegou a ter outras utilidades além de marcar a hora certa. Antes da popularização de outros meios de comunicação, como o rádio e a TV, o apito era a solução encontrada para alertar os moradores do Centro em caso de incêndio. Foi o que aconteceu na noite de 3 de janeiro de 1930, quando o fogo se alastrou por casas comerciais na região.

A sirene também marcou outros episódios históricos, como o anúncio da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, em fevereiro de 1942. Ironicamente, o sinal foi silenciado logo em seguida pelo decreto presidencial que limitou esse tipo de aviso sonoro no país. A intenção era impedir que o apito se confundisse com alarmes de ataques aéreos. A tradicional som voltou a ser ouvido em Juiz de Fora no dia 8 de maio de 1945, às 10h, quando foi declarado o término do conflito.

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