Sob pressão


Por Tribuna

24/02/2017 às 03h00- Atualizada 24/02/2017 às 09h00

Embora o presidente Michel Temer tenha anunciado o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) como novo ministro da Justiça, na vaga deixada por Alexandre de Moraes, agora nomeado para o STF, a ocupação de espaços no Governo ganhou um novo ingrediente com o pedido de demissão feito pelo chanceler José Serra. Não tem política nessa questão. Da mesma forma que Joaquim Barbosa quando se aposentou no Supremo, o ministro sofre fortes dores, a despeito de uma recente cirurgia na coluna. Como ministro de Relações Exteriores, passa mais tempo fora do que dentro do país, e as viagens tornaram-se um suplício.

O ponto a discutir é a sua sucessão. O PSDB já disse que é o dono da vaga, por Serra ser um de seus principais quadros, indicando que vai brigar para continuar no posto. O PMDB fez o mesmo para a Justiça. A lição a ser tirada é a velha política de ocupação de espaços. Num modelo de presidencialismo de coalizão, o presidente da República tem que se submeter aos desejos dos partidos, sob o risco de tornar sua gestão um caos ante a resistência no Congresso. E o resultado é a formação de quadros de governo nem sempre marcados pela competência, e sim pelo balcão que se estabelece na hora das escolhas. Desde a promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988, todos os chefes de Governo, de lá para cá, tiveram que passar por esse processo.

O que os políticos não percebem é que o mundo está mudando. A via parlamentar é importante, necessária e fundamental, mas não é mais a única. Basta acompanhar os movimentos que marcam os estados nacionais pelo mundo afora, incluindo potências democráticas como os Estados Unidos. As ruas rejeitam o jogo fácil dos acordos, o que vale, também, para a formação dos ministérios, típicos das parcerias nas quais o eleitor fica de fora.

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