Tudo como antes


Por Tribuna

10/02/2017 às 03h00- Atualizada 10/02/2017 às 09h00

Na virada do ano, os votos de expressiva parte dos brasileiros eram de que 2016 já ia tarde ante tantas mazelas que registrou, tanto na política quanto na economia. O novo ano está no segundo mês e já acumula um pródigo material de preocupação a despeito da melhora nos números, de acordo com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Vamos a alguns deles e bem recentes: TRE cassa governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, por abuso de poder econômico na campanha; PMDB põe senador citado na Lava Jato no comando da Comissão de Constituição e Justiça; ministro tem nomeação suspensa por juiz pelo mesmo motivo, e presidente da Câmara é acusado de corrupção.

Sem se falar da crise na segurança pública no Espírito Santo, todos os fatos acima estavam na capa dos jornais de ontem, indicando que o caminho é longo, pois se há manifestação da Justiça há, por outro lado, a insistência da instância política em remar contra a maré. É fato que todos os citados têm amplo direito de defesa para fazer prova em contrário, mas fica difícil apostar quando não se trata de uma citação única ou primária. São casos recorrentes, como o de Edson Lobão, que chamam mais a atenção. Ex-ministro de estado, ele responde a várias ações, mas, mesmo assim, vai presidir a mais poderosa comissão do Legislativo, responsável, inclusive, pela sabatina do ministro indicado para o STF, Alexandre de Moraes.

O mesmo aconteceu com o ministro Moreira Franco. Sua indicação foi fruto de teimosia, pois antes mesmo de ganhar foro privilegiado seu nome já estava nas listas do Ministério Público e da Polícia Federal. O que o juiz fez, agora, foi repetir o mesmo procedimento adotado com o ex-presidente Lula, quando foi nomeado para o ministério da ex–presidente Dilma. O presidente sabia desse risco, mas bancou. Ontem, o ministro foi ao inferno e ao céu. Primeiro, pela derrubada da decisão no Tribunal; segundo, por uma segunda ação pedindo seu afastamento deferida pela Justiça de primeira instância. O impasse deve ser definido hoje no STF.

O jogo de empurra é preocupante, pois cria-se uma crise sem necessidade num momento em que o país tenta virar o jogo. Se, na economia, a luz começa a ser vista no fim do túnel, na política, o cenário ainda é incerto.

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