O herói que não lutou o ‘bom combate’


Por Júlio Black

26/01/2017 às 09h40- Atualizada 26/01/2017 às 10h56

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A Segunda Guerra Mundial já estava perdida para o Eixo (Alemanha, Itália e Japão) no início de 1945, mas nem por isso alemães e japoneses aceitavam a derrota – a Itália já havia capitulado em 1943. Destes dois, os asiáticos eram os que impunham maior resistência, com batalhas no Oceano Pacífico que prosseguiam ilha por ilha, praia por praia, cidade por cidade. Tamanha era a resistência que a famosa Batalha de Okinawa é considerada até hoje o maior confronto marítimo-aéreo-terrestre da história: com pouco mais de 70 dias de duração, ela vitimou 110 mil soldados japoneses e 12 mil militares americanos; as baixas civis são calculadas entre 42 mil e 150 mil pessoas. Apesar da grandiosidade da batalha, ela na verdade serve para contar a história real de apenas um homem, Desmond T. Doss, o protagonista de “Até o último homem”, drama dirigido por Mel Gibson que estreia nesta quinta-feira gabaritado pelas seis indicações ao Oscar esta semana, que incluem os prêmios de melhor filme, diretor e ator (Andrew Garfield).

Ao contrário de outros longas do gênero, como “Pearl Harbour”, que utilizam o recurso de tornar pessoal uma tragédia de proporções absurdas para aproximar o público, “Até o último homem” conta a extraordinária história de quem fez a diferença ao participar desses eventos. Desmond T. Doss (Garfield) foi o primeiro objetor de consciência (militar que se recusa a pegar em armas para matar) a receber a Medalha de Honra do Congresso por salvar a vida de 75 companheiros em Okinawa. O longa de Gibson mostra a trajetória do jovem que aprendeu com a mãe a praticar a não-violência e a seguir uma rígida conduta cristã, mas que, ao mesmo tempo, decidiu se alistar no exército ao perceber todos os sacrifícios encarados pelo país no conflito.

O início da vida militar não é fácil. Ao mesmo tempo que encontra o amor na figura da enfermeira Dorotty Schutte (Teresa Palmer), Doss precisa enfrentar as acusações de covardia por se recusar a pegar em armas. O treinamento é duro, marcado pelo bullying de seus superiores e colegas de farda, que chegam às agressões físicas propriamente ditas. Como único soldado a partir para o front desarmado, ele é destacado para servir na área médica, onde conquistou inicialmente a Medalha de Bronze ao salvar inúmeros colegas do fogo inimigo durante os confrontos em Guam e nas Filipinas.

É nesse momento que “Até o último homem” se destaca, ao mostrar a brutalidade da guerra em Okinawa pelas lentes de Mel Gibson, conhecido por não economizar na hora de registrar a violência extrema que ocorre nos campos de batalha, como já foi visto “Coração Valente”, “Apocalypto” e “O patriota”. Mas os grandes momentos ficam para a obstinada missão que Desmond T. Doss impõe para si: a de salvar o maior número possível de companheiros de batalha.

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