Adesão por vacina entre as jovens cai em Juiz de Fora
Uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da UFJF mostrou que, em Juiz de Fora, 90,1% dos pais que possuem conhecimento sobre a vacina contra o papilomavírus humano (HPV) aprovam a aplicação da dose nas meninas entre 9 e 13 anos. A pesquisa ainda apontou que os pais confiam na segurança do imunizante e não acreditam que a vacina possa interferir no comportamento ou sexualidade das filhas. Apesar disso, o que se observa é que as adolescentes não estão sendo vacinadas. No município, a cobertura vacinal deste imunizante de janeiro a outubro de 2016 atingiu apenas 55,7% do público-alvo, sendo aplicadas 6.090 doses. Em 2015, a cobertura vacinal foi de 82,23%.
Assim, com pouca adesão em 2014, alta participação em 2015 e nova queda em 2016, a adesão à vacina tem passado por oscilações. Para o professor José Antonio Chehuen, que coordenou a pesquisa, fatores como desinformação, tanto do tema HPV como do câncer e da campanha, desassistência governamental e menor contato com o sistema educacional, prejudicam a campanha. “Os pais querem decidir sobre o uso ou não da vacina. Assim, envolver os responsáveis será fundamental para ampliar o sucesso. Na pesquisa, percebemos que responsáveis pelas jovens com menor renda e escolaridade foram fatores prejudiciais ao entendimento e uso da vacina.”
Na realização da pesquisa, foram ouvidos 455 responsáveis legais por, pelo menos, uma filha. Desses, apenas 24% reconheceram o HPV como principal causa das neoplasias de colo de útero, embora 82,9% conhecessem essa patologia e tivessem contato com mulheres que sofreram desse agravo. Apesar de concordar com a vacinação, 64,2% dos pais ofereceram resistência quanto à decisão autônoma de suas filhas de se vacinarem, afirmando que essa escolha não deveria ser feita por elas. O desconhecimento sobre a doença é maior, conforme o estudo, entre homens com renda de até dois salários mínimos, residentes na periferia.
Alerta contra o câncer de colo de útero
O HPV é um dos principais fatores de risco para o câncer de colo de útero. No Brasil, esse tipo de neoplasia é o terceiro mais comum entre as mulheres. Nos momentos iniciais da campanha, em 2014, muitos pais negaram a vacinação de suas filhas, por medo de efeitos adversos ou por questões morais. Em 2016, as vacinas passaram a ser aplicadas em duas doses em meninas de 9 a 13 anos, com intervalo de seis meses. A terceira dose, que deveria ser aplicada cinco anos depois, foi considerada desnecessária. O imunizante oferecido no Brasil é o quadrivalente HPV e confere proteção contra os quatro mais importantes tipos (6, 11, 16 e 18). Até o momento, não há conhecimento de nenhum efeito colateral grave relacionado à vacinação contra o HPV.
Já a partir deste mês, o Ministério da Saúde começou a oferecer as vacinas contra o papilomavírus humano para os meninos com idades entre 12 e 13 anos, também aplicadas em duas doses com intervalo de seis meses. A expectativa da pasta é imunizar mais de 3,6 milhões de meninos no país. Em Minas, 357 mil devem receber o imunizante.