Vez do PMDB
Qualquer investidor pouco afeito ao estilo tupiniquim teria, como de fato ocorre, reservas em apostar no Brasil. A economia não dá sinais de recuperação no curto prazo, e a política se transformou numa biruta de aeroporto. O vazamento das delações premiadas da Lava Jato parece seguir um curso seletivo. Primeiro, foram os políticos do PT o alvo predileto; agora, é a vez do PMDB, especialmente sua cúpula, restando saber qual será a bola da vez na próxima rodada. Nesse ritmo, tanto o Legislativo quanto o Executivo ficam paralisados num momento em que o país mais carece de iniciativas. A reforma da Previdência e o pacote de redução de gastos ficam à mercê dos acordos, já que ninguém tem garantia de nada a respeito do amanhã. Por isso, tem razão o presidente Michel Temer ao pedir celeridade ao procurador-geral Rodrigo Janot para a conclusão do caso.
O ano de 2017, que todos esperavam ser o da virada, não tem essa perspectiva. O setor produtivo, especialmente, já não suporta tamanha instabilidade, e nem mesmo os números da inflação, que conspiram a favor, levam alívio ao mercado, pois não indicam para uma curva descendente, sendo apenas um momento positivo ante tantas más notícias dos últimos meses. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, prepara um novo pacote de medidas para reaquecer a economia no que pode ser apenas mais uma pirotecnia, quando se esperam mudanças profundas e estruturais.
Com dezembro terminando, e o recesso nos poderes só começando, boa parte das discussões será jogada para o ano que vem, mantendo na agenda um cenário de incertezas que não interessa a ninguém. Espera-se, pelo menos, que, antes das festas, a instância política atue como bombeiro, a fim de garantir um mínimo de governabilidade a um presidente que já se mostra isolado e frágil.