Grafiteiros transformam muros no Linhares
A partir do último fim de semana, o muro que cerca a Escola Estadual Dilermando Cruz, no Linhares, não será mais apenas uma parede a delimitar o espaço da instituição de ensino. Depois da realização da Mostra Graffiti Purencontro, a parede, assim como outras do bairro, ganhou as cores e traços de 200 artistas de mais de 12 estados do país, que estiveram em Juiz de Fora para participar da iniciativa, organizada pela Associação Juiz-forana de Hip Hop e apoiada pela Lei Murilo Mendes.
Segundo o presidente da associação João “Ileso” Medeiros, o evento tem seis anos e já rodou por bairros como Barbosa Lage e Jóquei Clube, pintando muros de casas e, principalmente, escolas. “A ideia é girar pela cidade e segue sendo a transformação pela via da cultura e da arte, mostrar aos jovens que o grafite pode ser também uma oportunidade, uma porta para uma carreira de artista, de repente. Além disto, a cultura hip hop tem valores como respeito, dedicação, contestação, que estão expressos nas pinturas, para todo mundo ver”, diz ele, que também ministra oficinas de grafite pelo projeto “Gente em primeiro lugar” da Prefeitura e integra o Setor 267, “crew” (grupo de pessoas reunidas por uma identidade ou objetivo comum) de grafiteiros.
Durante o evento, realizado no último sábado e domingo (3 e 4 de dezembro), os artistas pintaram cerca de 900 metros de três muros, além de muros e casas de moradores do entorno da escola, que fica na Rua Diva Garcia. “A comunidade deu muita abertura, convidou o pessoal para pintar paredes, portas, até dentro de casa! O pessoal estava tão motivado que o evento estava marcado para começar às 9h e 7h já tinha gente pintando. Nos dois dias, foi até a noite, ninguém queria parar. As pessoas foram convidando, o pessoal pintando, e a ação chegou quase no Vitorino Braga!”, conta João, acrescentando que a direção do colégio cedeu as instalações para que fossem utilizadas como alojamento para os grafiteiros inscritos no evento.
Nos grafites que agora colorem parte do Linhares, traços, estéticas, cores e palavras variadas ilustram a diversidade da mostra. “A gente não delimita um tema porque acreditamos que isto seria tolher a criatividade do artista. Imagina o cara sair de Goiás, do Rio, de São Luís, como teve gente que veio, e eu dizer o que ele tem que pintar? Mas o grafite sempre tem uma essência de contestação, é uma ferramenta de informação e comunicação e isto fica presente nos trabalhos. Este ano foi a edição que tivemos mais participantes, estamos muito felizes com o resultado. Agora é prestar contas e já começar a preparar o do ano que vem”, conta um satisfeito João.