Alunos e professores da UFJF iniciaram protesto pela manhã e depois seguiram a pé pelo anel viário, descendo pelo Pórtico Sul em direção ao Centro (Olavo Prazeres/11-11-2016)

Eventos que interrompem o tráfego no anel viário da UFJF, como a manifestação dos professores e estudantes que fechou o Pórtico Norte algumas vezes durante a manhã de ontem, mostram a dependência do trânsito do município em relação ao campus. Durante o ato, que resultou na retenção do fluxo entre as entradas Norte e Sul da unidade, uma série de congestionamentos foi observada em vias do entorno. Pior para o Bairro São Pedro, onde as avenidas Presidente Costa e Silva e José Lourenço Kelmer tiveram engarrafamentos de quilômetros. Por aproximadamente uma hora, no horário entre 8h40 e 9h40, período em que os manifestantes caminharam entre os pórticos da universidade, o volume de carros presos no trânsito aumentou substancialmente, travando a Cidade Alta. Quem já estava dentro do anel viário não tinha outra opção senão exercitar a paciência. A Prefeitura anunciou há três anos que estudava um contorno viário para tirar o trânsito de passagem de dentro da universidade, mas o projeto nunca foi executado.

O problema da Cidade Alta está na falta de uma alternativa viária que comporte o intenso tráfego de veículos que se desloca para a região, ou em direção ao Centro, a qualquer hora do dia. Quem sobe a partir do Bairro Jardim Glória tem duas opções, que são a Estrada Engenheiro Gentil Forn ou o caminho formado pelas ruas Antônio Fellet, Júlio Menini e José Lourenço, passando pelo Bairro Borboleta. No entanto, a partir da Zona Sul, só é possível chegar à região pelo anel viário ou usando um longo caminho em direção ao Estádio Municipal, no Bairro Dom Orione, até o início da Avenida Presidente Costa e Silva.

Em 2014, a Prefeitura contratou uma empresa, por meio de licitação, para estudar caminhos alternativos na Cidade Alta. O levantamento resultou em um projeto que, na época, estava estimado em R$ 18 milhões, que estabelecia um novo traçado entre a Zona Sul e o Bairro São Pedro, passando por fora do anel viário. A ideia era que, a partir do Pórtico Sul, os veículos seguissem para a Estrada Dom Orione, passando pela Avenida Eugênio do Nascimento, até em frente a Embrapa. Neste ponto, carros e motos passariam a acessar o Bairro Aeroporto pela Avenida Engenheiro Valdir Pedro Monachesi que fica acima do Estádio Municipal. O objetivo era abrir uma nova via até o início da Avenida Presidente Costa e Silva, na direção da UPA de São Pedro.

Faltam recursos para obra

No entanto, os recursos para viabilizar a obra nunca foram aprovados pelos governos Estadual e Federal. Conforme o titular da Settra, Rodrigo Tortoriello, a crise financeira dificultou a concretização do projeto. “Com esta crise de arrecadação nos três níveis de governo, ficamos cada vez mais distantes desta verba. Não temos perspectiva de curto prazo para conseguir executar uma obra deste volume”, argumentou, dizendo que, com correções inflacionárias, o custo de execução deva estar em torno dos R$ 22 milhões. “A partir do próximo Governo, acho que poderemos voltar a tratar de assuntos com este. Agora é prematuro, porque o próprio governo federal está em processo de reorganização. Nem todos os postos do Ministério das Cidades foram preenchidos, por exemplo.”

Para minimizar o problema, a aposta é a conclusão da rodovia BR-440 no Bairro São Pedro. Na avaliação do secretário, o caminho já existente, do Dom Orione em direção ao Estádio, poderia se tornar mais atrativo. A retomada desta obra do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), porém, depende de licenças ambientais junto aos órgãos competentes do Governo de Minas que estão em análise.

Convênio com a Settra

Procurada pela reportagem, a UFJF informou que está em avançado estágio para concretização de um convênio com a Settra para melhorar o tráfego no anel viário e coibir abusos dos condutores que usam a via como passagem. Entre as ações citadas pelo pró-reitor de Infraestrutura e Gestão, Marcos Tanure Sanabio, estão a possibilidade de a secretaria promover operações de orientação e monitoramento do trânsito; colaborar no planejamento de operações de trânsito em eventos extraordinários, como vestibulares e congressos; e desenvolver projetos de sinalização vertical, horizontal, semafórica e fiscalização eletrônica.