A cena daqui aguarda um play acolá
Laura Jannuzzi nasceu em Palma, cidade mineira com pouco mais de seis mil habitantes. Mudou-se para Juiz de Fora, onde vivem cerca de 500 mil moradores. Seu trabalho, no entanto, está disponível para os sete bilhões que ocupam o mundo. “Ondes”, sua estreia na música, financiado pela Lei Murilo Mendes, ganhou a rede e formou um novo e amplo palco para Laura, que pode ser ouvida nos mais variados aplicativos por streaming e baixado em diferentes e populares sites do país, como o “Scream & Yell”. “O que queremos é somente nos fazer presentes a quem possa desejar nos conhecer e não conhece porque não tem acesso. O alcance que nos interessa, de verdade, é o orgânico, é o disco chegando às pessoas que, de fato, são consumidoras do ‘nicho’ no qual meu trabalho está inserido”, conta a artista, que, além de integrar festivais na rede e fora dela, lança, semanalmente, videoclipes para a websérie “Na faixa”, realizada pelo coletivo Avenida Independência.
O próximo passo de Laura é chegar ao ShowLivre, programa musical virtual, com cerca de 500 mil inscritos no YouTube e do qual Bruno Santim participou com sua banda eletrônica Loco. “Estamos indo para o primeiro disco, vamos gravar em São Paulo, no lendário Estúdio Costella, com gigantes”, conta ele, também produtor da Epinefrina, que se desdobra em alcançar alternativas outras para um mercado fonográfico mutante. “Geralmente, nós mesmos bancamos a produção das bandas de que gostamos e fazemos o trabalho acontecer, mas, para isso, elas têm que ter três coisas extremamente importantes: talento, comprometimento e desenvolvimento com ferramentas tecnológicas”, destaca o autor de vídeos altamente profissionais e esteticamente sofisticados, como os da Inhamis, produtora que acaba por fazer cinema ao rodar clipes de bandas.
Audiovisual
“Em todos esses rolês que fizemos, tivemos liberdade para construir algo mais verdadeiro e menos ‘divulgação’ do som. Com as facilidades de hoje, todos os artistas querem um videoclipe, mas poucos querem pensar na coerência do disco”, comenta Francisco Franco, que se prepara para lançar em Juiz de Fora seu primeiro longa-metragem documental, “Os 3 atos de Carlos Adão”, sobre o grafiteiro paulista. A produção teve pré-estreia no LATA Street Culture Festival, em Londres, e está na programação do Festival Primeiro Plano, que começa no próximo dia 21. Já licenciada pelo Canal Brasil, a produção confirma a boa fase do audiovisual na cidade, que, a despeito das poucas cifras envolvidas, transborda em inventividade e suor. “Acho um ótimo momento para o Poder Público injetar um dinheiro nisso para fazer com que a cena de fato sobreviva e vire uma realidade para uma população de profissionais que não são só os diretores e seus desejos frustrados”, sugere Franco com sua urgente franqueza.
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