MUITAS LIÇÕES
O encerramento do ciclo eleitoral abre uma nova etapa no processo político: os eleitos se preparam para assumir o mandato, enquanto os que ficaram ao curso do caminho abrem o processo de avaliação para encontrar causas de seu fracasso nas urnas. Mas a discussão não se encerra aí. O pleito de 2016 teve peculiaridades próprias, com muitas lições a serem consideradas pelos políticos e pela própria ciência tal a sua magnitude.
A primeira são os desafios que os prefeitos eleitos ou reeleitos terão pela frente ante uma perversa conjuntura econômica; o Governo federal, ao engessar os custos até 2020, encurtou perspectivas dos administradores em todas as instâncias, o que vai exigir deles criatividade para garantir o sucesso de suas gestões.
O segundo ponto a considerar foi a abissal ausência dos eleitores. Em Juiz de Fora, cerca de 90 mil habilitados a votar não compareceram às seções eleitorais, replicando um cenário nacional, com uma média de 23% de abstenções. Se essa for somada aos votos nulos e brancos, o protesto não pode ser ignorado. Ademais, os números apontaram para uma fragmentação partidária que pode se repetir em 2018. A reforma política, portanto, tem que ser feita antes.
O esgotamento do atual modelo, sobretudo na formação do Poder Legislativo, ficou claro no pleito de outubro. Políticos reconhecidos pelas urnas ficaram de fora por causa do fracasso de suas legendas, pagando uma conta que não fizeram, mas que faz parte do atual jogo. Além disso, o atual modelo, a despeito de suas boas intenções, privilegia acordos frutos de coligações, algumas delas próprias para o jogo eleitoral sem qualquer viés ideológico.
O pleito sinalizou ainda para o fracasso de projetos importantes, como o do Partido dos Trabalhadores. O partido sofreu uma profunda desidratação, perdendo mais da metade das prefeituras que controlava, inclusive no coração do ABC, onde sua história começou. O debate interno será difícil, pois ainda há pontos pendentes a esclarecer. É hora de lamber as feridas e discutir o futuro. Vale o mesmo para os vencedores PMDB e PSDB, sobretudo os tucanos, que vivem o dilema da divisão entre seus cardeais.