Bandidos assaltam empresa e fazem mulher refém


Por Sandra Zanella

05/10/2016 às 11h01- Atualizada 06/10/2016 às 10h31

*Atualizada às 18h47

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Mulher foi rendida e levada para residência no Alto dos Pinheiros (Foto: Olavo Prazeres)

Uma empresária de 30 anos viveu momentos de pânico, na manhã de ontem, quando foi feita refém por quatro bandidos no trabalho e levada por dois deles para sua residência, no condomínio Alto dos Pinheiros, na Cidade Alta, onde foram roubados mais de R$ 150 mil. Na fuga no carro da própria vítima, os criminosos foram barrados na portaria e obrigados a seguir a pé. Os jovens, de 19 e 21 anos, se embrenharam em um matagal na divisa com o residencial e acabaram capturados pela Polícia Militar. Parte do dinheiro foi recuperada, totalizando mais de R$ 63 mil, e dois revólveres foram apreendidos. As buscas mobilizaram cerca de 40 policiais militares em dez viaturas, além do helicóptero Pégasus da PM e de cães farejadores. A movimentação durante toda a manhã chamou atenção de moradores da região, deixando muitos deles amedrontados, e atraiu curiosos.

A ação criminosa teve início por volta das 8h desta quarta-feira (5), quando a mulher foi rendida por assaltantes ao chegar para trabalhar em sua oficina mecânica na Rua Carangola, no Bairro Democrata, Zona Nordeste. Sob a mira de armas de fogo, ela e mais dois funcionários foram obrigados a se deitar no chão. Os ladrões roubaram três notebooks no local. Dois deles seguiram com a mulher no carro dela, um Ford Ka, para a residência da vítima na Rua Carlos Miterhofer, no Alto dos Pinheiros, no Bairro Serra D’Água, próximo ao Jardim Casablanca.
A mulher foi colocada no banco de trás do carro, sendo ameaçada por um dos criminosos, enquanto o comparsa dirigia o veículo. Na casa, o esposo dela, 44, também foi rendido. “Meu marido estava tomando banho na hora. Os ladrões mandaram abrir o cofre, amarraram nossas mãos com cinto e nos deixaram”, contou a empresária, ainda abalada com o crime. A dupla roubou mais de R$ 150 mil e deixou as vítimas imobilizadas. Para a polícia, a suspeita é de que os criminosos já tinham informações privilegiadas sobre a quantia guardada e a rotina do casal. “Eles ainda disseram que era para sabermos com que tipo de pessoas estávamos lidando. Também falaram que já estavam me seguindo há um mês”, contou a vítima. Segundo ela, os assaltantes agiram com violência e deram puxões de cabelo nela.

Quando os dois bandidos tentavam fugir no carro da empresária, o porteiro do condomínio teria desconfiado e não abriu a cancela. Um funcionário da oficina também já teria conseguido se soltar e ido pedir ajuda, abordando uma viatura da PM. A dupla ainda tentou forçar a saída, apontando as armas na direção do porteiro. Os criminosos não conseguiram passar pelo local, deram marcha a ré, abandonaram o carro e decidiram fugir correndo pela mata.

Militares de uma unidade que fazia patrulhamento pela região foram avisados sobre a ação criminosa e conseguiram deter um suspeito no matagal. O reforço foi acionado dando início ao rastreamento, cerco e bloqueio na Cidade Alta e no Democrata. A polícia deteve um suspeito durante varredura no matagal e outro na região do Borboleta. Este conduzia um Corsa, que foi apreendido. Na casa dele, no Progresso, Zona Leste, a PM encontrou uma espingarda, 11 munições e uma porção de maconha. Os presos foram levados para a 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil, em Santa Terezinha.

Parte do bando é de fora da cidade, aponta PM

O comandante do 27º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Oterson Luis Nocelli, acompanhou de perto o trabalho ontem em torno do assalto com refém no condomínio Alto dos Pinheiros, na Cidade Alta. Ele informou que um dos jovens presos seria da região de Viçosa, na Zona da Mata. Segundo o oficial, na tarde anterior ao crime, dois integrantes do bando teriam participado do assalto a uma empresa de torrefação de café naquele município. Já os comparsas que não foram localizados seriam de Juiz de Fora e supostamente teriam obtido as informações privilegiadas. “Eles já sabiam da existência do dinheiro e inclusive onde a vítima morava. Com esses dois autores presos, estamos procurando saber a identidade dos demais para prosseguirmos com as ações e tentarmos prender essa quadrilha toda.” Ele garantiu que os moradores do residencial podem ficar tranquilos, porque não teria restado ninguém na mata após a varredura.

O roubo aconteceu menos de 48 horas depois de um idoso ter sido rendido por quatro criminosos em casa e amarrado à cama durante assalto, na noite de segunda, na Rua dos Pinheirais, no Bairro Novo Horizonte, também na Cidade Alta. Apesar da incidência de crimes em residências naquela região, o comandante garantiu que a Polícia Militar tem agido preventivamente, inclusive com envolvimento dos moradores, por meio de redes protegidas e comunicação via WhatsApp.

Rede de Condomínios Protegidos

“Alguns locais mais ermos são de difícil monitoramento. Mas na Cidade Alta, onde temos uma grande quantidade de condomínios, temos patrulha específica para monitorar esses locais e uma rede interligada com a PM, chamada Rede de Condomínios Protegidos. Fazemos constantemente reuniões e orientações dos porteiros. Além disso, todos os síndicos têm acesso direto com as equipes que estão em serviço. Em caso de suspeição, eles acionam de forma imediata a Polícia Militar, sem necessidade de passar pelo 190.”

Para o tenente-coronel Oterson, na maioria dos casos de roubo a residência, os criminosos não agem aleatoriamente. “As vítimas em potencial são pessoas vulneráveis, que guardam grandes quantias de dinheiro em casa, o que se torna um atrativo. A dica é usar o serviço bancário. Abrir o quanto menos sua vida particular para evitar que pessoas tenham informações privilegiadas e possam usá-las no futuro para cometer um crime.”

 

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