MUDANÇA PROFUNDA
A medida provisória que flexibiliza o ensino médio, ampliando a carga horária para até sete horas/dia, como propõe o Governo, pode ser vista como um avanço desde que contemple não apenas a formação mas também a preparação de seus principais atores, no caso, os professores. A proposta de elevar a carga horária, mantendo os alunos dentro da escola, é uma antiga demanda, mas que nunca esteve de acordo com o que o Governo discute em termos estruturais. Hoje, boa parte das unidades escolares carece de reformas, de valorização dos profissionais e meios adequados para o ensino por problemas em equipamentos.
De fato, evitar a evasão escolar deve ser uma das prioridades, sobretudo quando ela se dá numa faixa crítica que acaba engrossando os dados da violência. Hoje, nas diversas pesquisas tratando do mapa da criminalidade no país, a faixa etária de 15 a 29 anos é a principal entre vítimas e autores de crimes como tráfico de drogas e contra a vida. Não por coincidência, é a mesma que está fora das escolas.
Num cenário em que todos batem cabeça para reverter os dados da segurança, ainda é fato concreto que a educação é o melhor antídoto, pois abre espaço para os que menos podem e esclarece os desinformados que encontram no crime a sua única referência.
O Governo, porém, terá que ampliar a discussão, não devendo ficar apenas dentro do Congresso, apesar de seu papel representativo, pois deputados e senadores votam, muitas vezes, sob pressão da caneta oficial, enquanto os diversos segmentos envolvidos na educação têm dados substanciais que devem ser levados à mesa, não para barrar o projeto, pois ele é um avanço, mas aperfeiçoá-lo.