Eleições Municipais 2016
Neste ano, o Brasil está passando por grandes tribulações na vida política, provocando profunda divisão não só na esfera do poder mas também no povo. Esta situação preocupa o próprio Papa Francisco, que convidou as pessoas a rezarem para que “Nossa Senhora Aparecida proteja todo o Brasil e todo o povo brasileiro neste momento triste” (Tribuna de 4/09).
As próximas eleições municipais são um momento privilegiado para o cidadão brasileiro participar da vida política do seu país com o exercício do seu direito e dever de votar, escolhendo candidatos honestos e competentes, decididos a trabalhar para sair deste “momento triste”, atendendo ao grito do povo que, nesta semana da pátria, se manifesta nas ruas.
É preciso que se abram espaços de diálogo para que o novo possa acontecer. Ora, é na base, no município, que isso pode e deve se realizar inicialmente, daí a importância das eleições municipais. Infelizmente, até hoje, são poucos os candidatos que apresentam programa de governo com projetos factíveis de reformas necessárias para sair da crise e reencontrar paz e harmonia na vida política brasileira.
A Lei 135/2010, Lei da Ficha Limpa, ajudou muito nestes últimos anos, no combate à corrupção eleitoral e na moralização da política. Neste ano, ela está ameaçada por uma infeliz decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB) reagiu: “Conclamamos a população, legítima autora da Lei de Ficha Limpa, a defendê-la de toda iniciativa que visa ao seu esvaziamento. Urge não dar trégua ao combate à corrupção eleitoral e a tudo que leve ao desencantamento com a política cujo objetivo é a justiça e o bem comum, construído pacífica e eticamente”(Brasília – 24/06/2016). Nós, cristãos, quando escolhermos nossos candidatos, sejamos atentos a esse apelo!
Para que o novo aconteça, a Igreja propõe três grandes metas: prosseguir na erradicação da fome que está reaparecendo; respeitar os direitos humanos, especificamente os direitos trabalhistas, ameaçados; garantir qualidade de vida à população com um desenvolvimento sustentável e respeito à ecologia. Que nosso voto consciente e livre seja dado a candidatos com programas nesta proposta.
Concluindo, expressemos nossos anseios e nossas esperanças numa prece: “Senhor de bondade, volvei vosso olhar benigno para nossa nação brasileira, que ela seja livre e independente não só como nação soberana mas, sobretudo, livre da injustiça social, da corrupção que clama para o céu, livre da podridão que mancha a nossa política, livre da maldade dos que enriquecem com o vício das drogas, livre da chaga dolorosa e infame do extermínio dos nossos jovens, livre do descaso com a saúde e com a educação, livre da insegurança que nos amedronta em nossa própria casa, livre e independente para professar nossa fé no amor. Fazei-nos construtores da paz. Amém” (Dom Jaime Vieira Rocha, arcebispo de Natal).