Dilma: o canto do cisne
Responsabilidade é o que se exige do Senado nesta semana. A partir de quinta-feira, começa a fase final do angustiante processo de impeachment da presidente Dilma. É mais uma fase, felizmente a última, em que nada de novo vai acontecer. Nenhuma nova prova será acrescentada e, não fosse pela presença da processada em plenário, na outra segunda-feira, para um discurso, seria uma etapa rigorosamente igual às anteriores, com os mesmos atores, o mesmo roteiro.
Nem do discurso de Dilma se esperam novidades. Até por não haver o que dizer para reverter o quadro, ela ocupará a tribuna apenas para tentar salvar sua reputação pessoal, apresentando-se como uma mulher corajosa, que tem a consciência e as mãos limpas e que não tem receio de enfrentar, frente a frente, seus acusadores.
Uma encenação, convenhamos, sem qualquer efeito prático, que em nada mudará sua imagem diante do público. Aliás, de Dilma, se confirmadas as previsões de efetivação do impeachment, nada restará politicamente após este agosto. Será apenas um retrato, obrigatório na galeria dos ex-presidentes, com uma nota de rodapé lembrando ter sido ela a primeira mulher a ocupar o cargo.
Que não entendam tais afirmativas como crueldade contra quem está acuada, nas cordas, sofrendo todo tipo de pancadas, inclusive de ex-companheiros, os “Judas Iscariotes” de que fala Lula, ele próprio um dos que se afastaram da presidente. No caso dele, para cuidar da própria pele.
Diante deste quadro, a responsabilidade que se exige dos senadores é o não aproveitamento demagogo, seja em defesa ou na acusação. A urgência que tem o país na solução deste processo dispensa discursos laudatórios, testemunhas que nada acrescentam, recursos estapafúrdios a instâncias nacionais e internacionais. O Congresso – Câmara e Senado – se expuseram ao ridículo. É hora de poupar a instituição. E não é difícil evitar isto. Basta respeitar a lei, o povo e, fundamentalmente, a si próprio.