Novas regras
Quando implantou as mudanças no modelo eleitoral, o legislador se preocupou com os excessivos gastos de campanha e os compromissos deles advindos graças ao financiamento empresarial. As restrições ora em vigor apontam para a necessidade de se gastar mais saliva do que acordos – alguns pouco republicanos – na tentativa de dar espaço aos que menos podem. Se vai dar certo ou não, só depois do pleito será possível avaliar, mas já se nota um contrassenso. Ao mesmo tempo em que cortou o dreno, a nova legislação aumentou o teto de gastos. Em dois turnos prováveis na cidade, os candidatos a prefeito poderão gastar até R$ 4,1 milhões.
Criou-se, aí, um novo desafio: como conseguir tamanha cifra num tempo de vacas magras e com os financiadores com um pé atrás? Para uma campanha de tiro curto, outra incoerência, pois os mais conhecidos saem na frente e os que menos podem, de novo, ficam à mercê da própria sorte ou da sola do sapato, que terá que percorrer mais redutos do que em pleitos anteriores.
Ao curso dos anos, a despeito de ser a eleição mais apaixonante, pois tem um link direto entre quem vota e quem é votado, as disputas municipais têm servido de experimento para os legisladores, já pensando no enfrentamento nacional, programado para daqui a dois anos. Espera-se que, embora não tenha sido adotada este ano na corrida pelas prefeituras e câmaras, que o Congresso aprove o fim das coligações proporcionais e crie a cláusula de desempenho.
No caso da primeira, é fundamental estabelecer restrições aos acordos firmados, a maioria deles visando eleger políticos sem voto. Por conta disso, são formadas alianças inesperadas, distantes do mínimo modelo programático, mas interessadas em ocupar espaço nas estruturas de poder. Resta saber se todas as essas mudanças, mesmo com esse objetivo, irão impedir o caixa dois. A conferir.