MODUS OPERANDI
Da mesma forma das escolas frequentemente alvos de vândalos e de ladrões, o ataque a pedradas ao Núcleo Travessia, no Bairro Olavo Costa, tem o mesmo modus operandi: reação ao Estado, por temer a sua intervenção em áreas dominadas. Inaugurado há menos de 15 dias, o prédio, que abriga projetos para a comunidade, teve cerca de 70 vidraças quebradas. A própria comunidade reagiu com indignação, pois, no fundo, é também a principal vítima.
Cabe ao Poder Público insistir no projeto, por tratar-se de uma iniciativa positiva, na qual a meta é criar oportunidades para a população carente num espaço de poucas intervenções públicas. O bairro, como outras regiões críticas da cidade, é dominado pelo medo ante a ação de supostos donos do espaço, que agem à margem da lei para manter o seu controle. Para tanto, não medem esforços, fazendo da violência um instrumento de poder. Em outras situações, armam, inclusive, a mão de inocentes, durante anos vítimas do próprio Estado e de suas inações.
O Travessia é uma proposta que precisa ser ampliada. Se nas intervenções policiais, nas chamadas áreas quentes, a ocupação policial vem em primeiro lugar, em Juiz de Fora, ocorreu o caminho inverso. O social, por meio do programa, veio à frente da segurança. Não se trata de um equívoco, mas ficou claro que as duas pontas têm que se encontrar. A primeira, para garantir ações sociais em favor da população; a segunda, para garantir a execução desse trabalho sem os riscos para seus atores e contenção aos que resistem a essa nova realidade por estarem perdendo o espaço.
Mas a comunidade também tem que ser protagonista. Da mesma forma do que ocorre nas escolas, os autores do vandalismo são do meio e conhecidos, que se escondem atrás da lei do silêncio para continuarem suas ações. É preciso, pois, reagir, uma vez que, ao não apontá-los, estará dizendo tacitamente sim ao que fazem.