Dia Internacional do Cooperativismo


Por HUGO BORGES, MÉDICO

07/07/2016 às 07h00- Atualizada 07/07/2016 às 08h47

No início do século 19, nascia na Inglaterra o cooperativismo, fruto de uma grave crise social, reflexo da era industrial, que provocou enormes transformações, da concentração populacional nos grandes centros à consequente falta de moradia, educação e emprego. O movimento cooperativista foi fundamental para retomar as rédeas econômicas e sociais.

Nesse 2 de julho, Dia Internacional do Cooperativismo, já somos um bilhão de pessoas em todo o mundo alcançadas pelo modelo cooperativista, que também mudou: passou de via alternativa ao capitalismo e ao socialismo para “ponte” entre o mercado e o bem-estar das pessoas. Hoje, um em cada sete habitantes do planeta é cooperado. São mais de 250 milhões de empregos gerados.

No Brasil, as quase sete mil cooperativas, com 12,7 milhões de associados, empregam 361 mil pessoas e são responsáveis por mais de 70% da produção de trigo, mais de 40% da produção de soja, 40% da produção de leite, 38% da produção de algodão, 21% do café e 16% do milho, números que impressionam. A economia globalizada recrudesceu em todo o mundo a exclusão social e a concentração da riqueza: em 2010, o banco Credit Suisse, no seu “relatório da riqueza global”, apontou que os 50% mais pobres dos 4,44 bilhões de adultos possuíam menos de 2% dos ativos mundiais, enquanto os 10% mais ricos tinham 83%. Já no relatório 2015, mais concentração: 50% dos 4,8 bilhões de adultos têm menos de 1% da riqueza do planeta, enquanto os 10% mais ricos controlam quase 90% dela!

O cooperativismo, com sua força agregadora e seu compromisso com a inclusão social, econômica e cultural, é hoje um modelo muito viável para o desenvolvimento sustentável. Baseado na união de pessoas, o movimento se destaca pela busca dos referenciais de participação democrática, independência, equidade e autonomia. Como afirmou o ex-diretor-geral da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) Charles Gould, “as cooperativas são empresas com alma, baseadas em valores, princípios, ação coletiva e participação, com uma característica fundamental: são controladas pelos próprios membros”.

Na atualidade, os valores e princípios do cooperativismo coincidem com as expectativas por um novo jeito de se fazer negócio, que considera um saber construído pelas diferenças e pelas sinergias e que busca resultados econômicos a partir do desenvolvimento social e em total sintonia com o planeta.

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