Nas mãos de Teori
Embora não tenha prazo para tomar uma decisão, o ministro Teori Zavascki, relator da operação Lava Jato, deverá, já na semana que vem, anunciar sua decisão sobre os pedidos de prisão que lhe foram apresentados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. São muitas as especulações e diversas as opiniões sobre o peso do pedido, mas, em todos os casos, há consenso em torno da situação do deputado Eduardo Cunha, presidente, afastado, pelo próprio Teori, da Câmara Federal.
Trata-se de uma questão à parte, pois o deputado, a despeito de tantas denúncias, ainda consegue ficar com o nariz acima da linha d’água, graças, sobretudo, às parcerias que firmou ao curso de seus mandatos. Fosse qualquer outro parlamentar, o Conselho de Ética já teria proferido uma sentença de mérito. Não que Cunha seja especial, mas por força do jogo que executa com maestria dentro e fora do Congresso. Sua bancada tem se mostrado fiel e atuante, ignorando o apelo das ruas e o desgaste da própria instituição.
Só que o arsenal de Cunha está se esgotando. A cada investigação, seus álibis estão sendo derrubados, apontando para um desfecho desse processo, que já foi longe demais. Ele teve todo o direito de defesa, mas o que fez foi apenas protelar decisões, sem apresentar provas sólidas de que suas ações foram lícitas. O indiciamento de sua mulher, Cláudia Cruz, agora ré na instância de Sérgio Moro, é um sinal claro de que o caminho está encurtando. Cunha, agora, em vez de um, tem dois problemas: se livrar do Conselho de Ética e de Rodrigo Janot.