A Mobilidade Urbana e as mudanças de hábito


Por RODRIGO MATA TORTORIELLO, SECRETÁRIO DE TRANSPORTE E TRÂNSITO

24/05/2016 às 07h00- Atualizada 24/05/2016 às 08h40

Conforme a matéria de domingo da Tribuna de Minas alertou, através dos dados do Denatran, a frota de veículos praticamente dobrou nos últimos dez anos em Juiz de Fora. Esse fenômeno, recente no Brasil, já foi vivenciado por outros países e a solução foi a de ampliação da malha viária para acomodar o crescente número de veículos. Modelo esse que hoje se vê que fracassou!

Se tivesse dado resultado positivo, os Estados Unidos, exemplo de investimentos para aumentar a capacidade visando absorver a demanda do transporte individual, não estariam hoje estudando maneiras de acabar com os enormes congestionamentos e problemas que vão desde acidentes até questões ambientais. O que os especialistas de trânsito e transporte defendem é mudança de hábitos. Deixar de usar o automóvel da forma como usamos hoje e optar por meios de deslocamento, que sejam menos agressivos ao meio ambiente e mais democráticos do ponto de vista do uso do espaço urbano, passar a ser uma necessidade e não mais um desejo.

Isso não quer dizer que não é importante investir na melhoria e evolução do nosso sistema viário. Expansão de vias existentes, abertura de novas ruas e construção de pontes e viadutos se mostram necessárias. Entretanto, muda-se a abordagem e o foco. É imprescindível que esses novos investimentos sejam avaliados sob a ótica de melhoria dos deslocamentos para o transporte coletivo.

Trazendo para uma realidade mais próxima, a ponte Wilson Coury Jabour Júnior, inaugurada em 2014, reduziu significativamente o tempo de viagem das linhas que usam a Rua Benjamin Constant para acessar a área central. Outro exemplo, o Binário da Brasil melhorou os tempos de viagem das linhas que usam a avenida, principalmente para aquelas que utilizam os 12 quilômetros de faixas exclusivas ao longo da via. Fato que só foi possível com a inauguração da Ponte Luiz Ernesto Bernardino Alves Filho e demonstra que os benefícios são tanto para quem trafega ao longo da avenida quanto para quem usa as pontes apenas para cruzá-la.

Mas essas novas vias não podem ser o bastante. É preciso estruturar e melhorar a qualidade do transporte público. Inclusive esse é um clamor de Juiz de Fora. Por isso, essa gestão optou por mudanças estruturais e permanentes, em vez das “soluções mágicas”. Licitar o serviço de transporte coletivo tem um valor significativo para esse processo de mudança de cultura e priorização do transporte. Entendemos que a melhoria efetiva do trânsito de Juiz de Fora passa por um transporte público de qualidade, mais confiável e confortável do que temos atualmente.

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