Na calada da noite
É impossível conceber o que passa pela cabeça de uma pessoa ou de um grupo que se propõe a invadir uma escola e, não se contentando em furtar seus equipamentos, coloca fogo no restante, inclusive no quadro negro, como a Tribuna mostrou ontem na sua primeira página. A imagem é autoexplicativa, mas a ação, no todo, é pior ainda, por ser recorrente. A Escola Estadual Henrique Burnier, no Bairro Poço Rico, já foi alvo de vândalos em outras ocasiões, assim como tantas outras espalhadas pela cidade, que, vira e mexe, são invadidas.
A discussão deve ser feita em dois planos: o policial e o educacional. O primeiro, para exigir do Estado uma pronta resposta contra esses personagens que ultrapassam todos os limites do bom senso, explicitando uma raiva que não se justifica. Pode ser por conta de uma nota ruim, o que indicaria ser o autor do próprio meio, ou por conta de um comportamento espúrio, próprio de quem se mostra contra tudo e contra todos, verbalizando sua raiva com gestos insanos. Para estes, a lei.
No segundo aspecto, a falta de educação continua sendo a principal matriz de atitudes como essas, já que não há justificativa para não apenas comprometer o papel educador da escola como para prejudicar toda a comunidade. Afinal, é ela a principal vítima. O grave desse enredo, porém, é que, em uma considerável parcela de vezes, os autores de tais crimes são próximos ao espaço atacado e conhecidos dessa mesma comunidade, que, por medo de retaliação, prefere o silêncio à denúncia.
É preciso dar um basta a essas atitudes, pois a educação de crianças e adolescentes é exatamente o antídoto para não replicar o papel desses vândalos que atuam na calada da noite.