Diferente, mas com a mesma retórica

Os fãs de Leandro Sapucahy devem ter percebido que o cantor de “Favela Brasil”, aos 45 anos, está diferente. Mas O DNA do trabalho é o mesmo, segundo conta o artista que lançou, em 2015, o álbum “Eu amo a vida”, cujos arranjos foram divididos com pesos pesados do gênero, como Prateado, Boris e Jota Moraes. “Meu público curte música de qualidade, com mensagem, independentemente do tema”, dispara o também diretor musical do programa “Esquenta”, comandado por Regina Casé na Rede Globo. Se o projeto reflete o momento em que ele vive? “Ainda como uma forma de alerta, contra a banalização dos valores”, sentencia o músico, que traz a Juiz de Fora o mesmo discurso engajado em show que acontece nesta quinta-feira, a partir das 20h, na Praça Antônio Carlos.
Para a apresentação que integra a programação oficial do Corredor da Folia, Sapucahy preparou um setlist com sucessos de diversos gêneros “para dançar do início ao fim”. Não é a primeira vez que ele vem à cidade, e, por isso, o público já sabe o que esperar da atração. “Alô, galera de Juiz de Fora, prepare-se para uma noite muito animada e dançante, com muita paz”, promete Sapucahy, que, ao longo da carreira, tornou-se um observador atento às transformações ocorridas nas comunidades e favelas brasileiras. “São outros tempos, outros políticos, outras necessidades, mas o que precisa mudar é a cabeça das pessoas. O que faço é mostrar a realidade para que cada um faça suas mudanças.”
Entre as 14 faixas de “Eu amo a vida”, estão um samba tipo “partido alto”, a divertida “1.000 meu com 1.000 seu”, além de letras que falam de amor e romances, como “Subindo a audiência”, “A gente se liga”, “Saudade” e “Tente a sorte”. O disco, que revela um tom otimista, foi produzido no próprio estúdio do cantor, também responsável por toda a produção. É sabido que a carreira de músico de Sapucahy segue paralela à de produtor de grandes nomes, como Arlindo Cruz e Maria Rita. “Gravar no meu estúdio me deixa mais tranquilo, sem pressão com o tempo. As coisas acontecem naturalmente. Quando termino um trabalho, já inicio o próximo”, garante, planejando muitas realizações em 2016. “Procuro ficar antenado no mercado nacional e internacional. As formas de gravar, tocar e produzir. Esse é um ano que promete muita coisa boa.”
Multi-instrumentista, o carioca, ainda criança, fazia dos brinquedos instrumentos e vice-versa. Foi em 2006 que nasceu o CD “Cotidiano”, com participações de Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Marcelo D2. O “Favela Brasil” veio dois anos depois com um retrato do caos vivido, naquele momento, entre a favela e o asfalto do Rio de Janeiro. Em 2009, por influência da mãe, veio a homenagem a Roberto Ribeiro, artista morto em 1996. Talvez antecipando as mudanças que viriam a seguir em “Eu amo a vida”, surgiu, mais recentemente, o CD “Leandro Sapucahy – Malandro também ama”. Segundo o músico, o trabalho apresenta a mesma retórica política, mas com a novidade de abranger “o outro lado da malandragem.”
Para recordar e sambar
Nesta quinta-feira de pré-carnaval comandado pela Funalfa, a festa começa às 16h30, com o bloco Recordar é Viver, do Centro de Convivência do Idoso. Os foliões sairão da Praça Antônio Carlos, rumo ao Parque Halfeld, a partir das 18h, entoando o samba de Raimundo Januário de Jesus que homenageia os 20 anos de história da agremiação.
Às 17h, tem Bloco do Mestre, na Rua Ambrósio Braga, no Granbery, e Bloco dos Carteiros na agência central dos Correios, na Rua Marechal Deodoro, no Centro. Antes de Leandro Sapucahy entrar em cena, às 18h, a Praça Antônio Carlos recebe o show Quinteto Cacique, do Rio de Janeiro. Também é dia do Bloco Sem Compromisso, às 18h, na Rua Dr. João Camilo de Oliveira Torres, no Bairro Bandeirantes; Bloco Pagodão dos Clubes, às 19h30, no Parque Halfeld; e Baile da Banda Daki, às 22h, na Univershow.