Violência sem fim
Em 2015, já ocorreram 123 homicídios até 30 de novembro em Juiz de Fora, assim distribuídos por regiões da cidade: Zona Norte: 37; Zona Leste: 28; Zona Sudeste: 26; Zona Sul: 15; Zona Nordeste: 7; Cidade Alta: 6; Centro: 2, e Zona Rural: 1. No mesmo período, tinham ocorrido 128 assassinatos em 2014 e 124 assassinatos em 2013. Apenas nos três primeiros meses de 2015, ocorreram 37 assassinatos, ou seja, o mesmo número de crimes violentos de todo o ano de 2007 na cidade. E o pior: em 2013, ocorreu um total de 139 homicídios na cidade, o que equivale a uma taxa de 28,4 homicídios por cem mil habitantes, situando Juiz de Fora acima da média nacional, que em 2012 foi de 20,4. Dez anos antes, a taxa de homicídios na cidade era de 8,4 por cem mil habitantes. Enquanto o país melhorou entre 2003 e 2012, graças à diminuição dos homicídios em São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco, em Juiz de Fora, esses números subiram de forma vertiginosa.
Em duas décadas e meia, entre a década de 1990 e 2015, Juiz de Fora saiu de 4,4 homicídios por cem mil habitantes para 28,4 homicídios por cem mil habitantes, apresentando um aumento de 238%. De uma cidade pacífica e ordenada, Juiz de Fora viu explodir a taxa de homicídios. Assim, deixou o grupo das cidades menos violentas do país e está entrando no ranking da violência como mais um caso de fracasso na segurança pública. Enquanto Rio e São Paulo ultrapassavam a barreira dos 40 homicídios por cem mil no mesmo período, São Paulo reduziu 77%, de 53,6 em 1999 para 12% em 2012. Portanto, é preciso estudar profundamente o que ocorre na cidade, que tinha um padrão quase uruguaio de violência na década de 1990 e passou a conviver com índices assustadores. Leandro Piquet Carneiro, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e do Núcleo de Pesquisas de Políticas Públicas da Universidade de São Paulo, vem acompanhando atentamente o aumento da violência em Juiz de Fora e o crescente número de assassinatos na cidade a partir de 2010. Segundo o pesquisador, se nada for feito de concreto pelo estado e pela sociedade, a meta para 2016 continuará a ser fixada pela “mão invisível” do crime, por centenas de traficantes de drogas ou por jovens em busca de vingança.
Portanto, os números de Juiz de Fora continuam desafiando os gestores públicos e a sociedade. E 2015 está terminando com índices de homicídios tão altos quanto os de 2014 e de 2013. O que equivaleria a um novo aumento na taxa de homicídios por cem mil habitantes se computados os três últimos anos. A OAB Subseção Juiz de Fora, a Comissão de Segurança Pública da Câmara Municipal, a UFJF e a Prefeitura de Juiz de Fora criaram o Laboratório de Estudos da Violência, abrigado junto ao Centro de Pesquisas Sociais (CPS) da UFJF, visando pesquisar, debater e enfrentar a realidade do aumento da violência nos últimos anos. Estes números estão sendo avaliados no Laboratório e integrarão o Mapa da Violência em Juiz de Fora, que está sendo elaborado e pretende jogar um feixe de luz sobre essa tragédia que se abate sobre a cidade.
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