A presença dos idosos nas eleições municipais


Por JOSÉ ANÍSIO PITICO DA SILVA, ASSISTENTE SOCIAL E GERONTÓLOGO

02/10/2016 às 07h00

Hoje, dia em que as eleições municipais ocorrem, faço uma pequena retrospectiva de avaliação do quanto que as demandas das pessoas idosas (talvez pela primeira vez na cidade) chegaram aos (às) candidatos (as) a prefeito (a) de Juiz de Fora. Realizamos, pela Comissão Permanente de Defesa dos Direitos das Pessoas Idosas, no plenário da Câmara Municipal, um produtivo encontro com os (as) candidatos (as), que apresentaram suas propostas de ações para os idosos e também responderam questões apresentadas por aqueles idosos que participam de vários programas sociais do município. Esse encontro, de fato, foi um marco histórico no trabalho social com as pessoas idosas, em que o protagonismo deles se materializou em sua presença e sua participação.

A Tribuna fez mais de uma matéria sobre o momento político que a cidade vive, ao demonstrar o perfil dos (as) pretendentes a uma cadeira no Legislativo Municipal, quando se tem uma candidata com a idade de 85 anos e uma eleitora de 90 anos, que não abre mão de votar. Eu também apresentei uma questão para todos (as) os (as) candidatos (as) ao Executivo sobre como está a nossa cidade, perante o desafio do envelhecimento de seus cidadãos, numa cidade que tem mais de 90 mil eleitores na chamada “terceira idade”. Essa nova realidade, que é o envelhecimento da população brasileira, e a de Juiz de Fora também esteve nas páginas da Tribuna, no domingo passado, quando trouxe uma série de colocações, ponderações e questionamentos de especialistas e de alguns idosos sobre como é envelhecer em Juiz de Fora.

No caderno Voto e Cidadania, está escrito: quem são os idosos de JF e quem vai cuidar deles? Todas essas matérias jornalísticas atestam que a novidade do envelhecimento de nossa população precisa de implementação de políticas públicas para sair do lugar da mesmice e da acomodação e chegar às pessoas idosas, principalmente àquelas que se encontram fora de qualquer serviço público de proteção social. A questão do envelhecimento requer resposta pública, implica o envolvimento político de toda a sociedade. Assim como a infância e a adolescência, a velhice é uma categoria pública da cidade que diz respeito a todos nós.

Nosso trabalho nesse período de campanha eleitoral foi o de chamar a atenção dos agentes políticos sobre as necessidades e os interesses dos cidadãos idosos que vivem em Juiz de Fora. Levar a eles sobre o que querem os idosos, que cidade eles querem para a sua velhice e se a cidade pode ser considerada amiga do idoso. Acredito que esse encontro, entre candidatos e idosos, aconteceu e foi muito positivo para a cidade. Entendo também que algumas pessoas idosas, para não generalizar, estão vivendo e apostando em uma outra forma de envelhecer: mais ativas, participativas e buscando cada vez mais o exercício de seu protagonismo social e político no cotidiano da cidade. Porém penso que há um longo caminho a ser percorrido na direção de uma outra sociabilidade em relação às pessoas idosas, de mais respeito e trato de civilidade.

Há um futuro de mudanças, em curso, com a participação do eleitor da terceira idade! Por isso, penso e, se pudesse dar um conselho, ou algo parecido, diria aos que têm a idade de 70 anos e mais (voto facultativo) que não deixassem de votar. Vocês fazem parte da comunidade. A sociedade não deve prescindir de ninguém, muito menos dos mais experientes. Aqui eu vou contrair o dito popular, do conformismo, que diz: “Pau que nasce torto morre torto”. Que nada, minha gente! A história não está dada. Não chegamos ao fim ainda. Sonhos não envelhecem. Podemos em qualquer idade pegar a nossa utopia e transformar o mundo.

Acredito, sinceramente, que é somente pela participação política, pela ação da política, por mais paradoxal que possa parecer, em tempo de sua negação ou morte, é que podemos ter uma cidade para todas as pessoas e para todas as idades. Portanto, hoje, dia 2 de outubro, saia de casa. Com chuva e/ou frio, esquente a sua cidadania. Marque a sua posição. Dê o seu voto para a construção de uma cidade cada vez mais solidária, fraterna e democrática.

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