Como vencer o preconceito
O título é sugestivo, não é? Ora, nada mais importante, de início, do que reconhecer que o preconceito existe em todos nós. E, quando digo em todos nós, quero dizer: em preconceituosos e também em preconceituados. Ora, mais uma vez! A palavra preconceito já se afasta do bom senso e da razão, quando sabemos que é impossível conceituar alguém ou alguma coisa sem antes conhecê-la.
Como já diz o pensamento de um filósofo, “aprender para conhecer, conhecer para compreender e compreender para julgar”. Isso, simplesmente, quer dizer, socraticamente falando; antes de conceituar os outros, devemos nos conhecer. E quantos erros descobriremos nessa procura de nossa autoidentidade, visto que, em vez de vítimas, passaremos a ser – no mínimo – cúmplices daquilo que preconceituamos nos outros. Portanto, antes de tudo, ao preconceituar alguém ou alguma coisa, preconceituemos a nós mesmos.
Bem, pensamos bastante, escrevemos bastante, mas o preconceito continua presente, por mais que lutemos contra ele, pois estamos todos conscientes de que ele está presente em todos, dentro de todos nós, preconceituosos e também preconceituados. Os preconceituosos, por serem radicais em suas cabeças, e, pior ainda, os preconceituados, querendo se igualar aos preconceituosos, na aparência e nas ideias, coisas que, felizmente, aos poucos, estão se modificando.
O que fazer então? Como tornarmos a simbolatria da Revolução Francesa, também presente no convívio entre as raças humanas, fazendo imperar a liberdade, a igualdade e a fraternidade entre todas elas, independentemente das diferenças – e jamais preconceitos – entre todas? Fácil de pôr em prática. Basta que cada preconceituoso se coloque no lugar do preconceituado e vice-versa.
E como fazer isso? Basta nos olharmos de fora para dentro, não nos preocupando com as aparências, sejam quais forem, mas nos envolvendo com as questões íntimas e de caráter, que demonstram muito mais o valor de cada indivíduo, independente da cor, dos hábitos e até da cultura arraigada em cada um. Mas jamais nos violentando ou violentando alguém ou alguma coisa.
Qual a arma de que dispomos, então, tanto preconceituosos quanto preconceituados? Simplesmente, a arma da razão e do bom senso, que se traduz por algo que a humanidade não tem usado há muito tempo: o diálogo, naquilo que célebre filósofo há tanto tempo nos preveniu: “O diálogo constitui, em si mesmo, numa renúncia à agressividade”.