VISÃO MÍOPE


Por Tribuna

22/10/2015 às 07h00

No folclore político, sempre se diz que todos sabem como as CPIs começam, mas ninguém tem controle sobre seu desfecho. Há controvérsias, pois algumas delas são peças anunciadas desde o seu início. Quando o bicheiro Carlinhos Cachoeira foi investigado, já era possível conhecer a conclusão dos trabalhos da comissão. Ninguém foi condenado, salvo o próprio, mesmo assim, pela instância judicial, que fez a sua parte.

Agora, quando o país assiste estupefato às constantes denúncias de ilícitos levantadas pela operação “Lava jato”, o relatório do deputado Luiz Henrique (PT-RJ) sobre o mesmo tema é uma peça com visão míope, própria de quem não quer enxergar o que lhe ocorre em volta. Ele conseguiu deixar os políticos à margem das denúncias, apontando apenas pessoas jurídicas como responsáveis pelas mazelas que ora ocupam o debate pelo país afora. Ao contrário, se depender do parlamentar, os políticos são vítimas da sanha das empreiteiras.

O dano colateral desse tipo de investigação é a sua insistência em ignorar o que as ruas já sabem: não há corruptor sem o corrupto, e vice-versa. Os crimes apontados pela ação da Polícia Federal e do Ministério Público são resultado do jogo de interesses que perpassa as relações entre público e privado. As acusações que ora pesam sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, são suficientes para mostrar a distorção da CPI que cumpriu o papel único de colocar a Câmara num patamar abaixo, por adotar o corporativismo barato, não contribuindo em nada para o aperfeiçoamento das instituições.

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