ÁGUAS DO VELHO CHICO
Na edição deste domingo, a Tribuna apresenta reportagem especial dos repórteres Daniela Arbex e Roberto Fulgêncio, que, seguindo as pegadas de Henrique Halfeld, enveredaram-se pelas margens do Rio São Francisco não apenas em busca de estórias mas também para registrar, mais de um século depois, o mapeamento elaborado pelo fundador de Juiz de Fora a pedido de dom Pedro II. O que viram foram cenários distintos, ora de pobreza extrema, ora de esperança por dias melhores, e de um rio que se mostra forte em plena seca, mas degradado por ação do próprio homem.
A expedição ao Rio São Francisco aponta também para a necessidade de se documentarem territórios importantes das Minas Gerais, onde a convivência entre etnias ainda ocorre sem o trauma das metrópoles. Tradições indígenas são mantidas, mas até mesmo estas já começaram a ser afetadas pelos vícios do homem branco. No texto de Daniela e nas lentes de Roberto, é possível ver, como lembrava Guimarães Rosa, que “Minas são muitas”.
Num momento em que o país vive duas crises simultâneas – política e econômica -, há demandas que saem do foco dos agentes públicos, embora sejam importantes. Rio da integração nacional, o São Francisco e os municípios de seu entorno carecem de investimentos. Mesmo ostentando a esperança, a população – em alguns pontos – vive um cenário à parte, onde o tempo não passa, mas o progresso também não chega.
Esta empreitada faz parte de projetos que a Tribuna pretende desenvolver, não só apontando o que ora ocorre mas também discutindo soluções, como parte da nova vocação do jornalismo de instigar o debate e falar, sobretudo por aqueles cujas vozes não são ouvidas.
