As chuvas e suas consequĂȘncias
A implementação de obras para dar fim Ă s constantes inundaçÔes tornou-se uma necessidade irreversĂvel, para garantir a segurança da população das ĂĄreas mais crĂticas
Uma audiĂȘncia pĂșblica, nesta quinta-feira, na CĂąmara Municipal – a pedido do vereador Marlon Siqueira -, vai discutir o pedido de emprĂ©stimo formulado pela Prefeitura para realização de obras de enfrentamento aos temporais nas ĂĄreas consideradas crĂticas da cidade e que anualmente passam por graves alagamentos. Como a contrapartida do municĂpio Ă© da ordem de R$ 84 milhĂ”es, o emprĂ©stimo a ser captado serĂĄ, de fato, da ordem de R$ 336 milhĂ”es. Ă expressivo, mas necessĂĄrio, como foi mostrado na Ășltima terça-feira, durante uma reuniĂŁo fechada com os vereadores, da qual participaram diversos membros do primeiro escalĂŁo.
AudiĂȘncias pĂșblicas sempre sĂŁo importantes, por envolverem os diversos atores do processo. No caso, os vereadores, por serem porta-vozes da comunidade, os representantes do MunicĂpio e os prĂłprios moradores, que precisam, necessariamente, saber o que se pretende fazer para reverter uma situação que dura dĂ©cadas em Juiz de Fora, especialmente nas regiĂ”es a serem contempladas pelos projetos.
Causas e efeitos devem ser discutidos, pois as chuvas ocorrem, sobretudo, no verĂŁo, nĂŁo havendo, pois, surpresa quanto Ă sua incidĂȘncia. A questĂŁo Ă© saber o que tem provocado tais alagamentos e as medidas que serĂŁo tomadas para resolvĂȘ-los. A ocupação urbana Ă© um dado, com estrangulamento de vĂĄrios afluentes da cidade. Os bairros Industrial e Santa Luzia sĂŁo os mais emblemĂĄticos, mas o problema Ă© registrado em outros pontos da cidade – e tambĂ©m contemplados pelas obras.
As leis de ocupação urbana carecem de atualização sistemĂĄtica, a fim de atender Ă prĂłpria dinĂąmica das cidades e nĂŁo apenas em relação aos projetos de captação de ĂĄguas. A BR-440 Ă© a face mais explĂcita quando se trata tambĂ©m de ruas e avenidas. Quando de sua concepção, a Cidade Alta tinha um perfil totalmente diverso do que se apresenta, o que comprometeu a conclusĂŁo da via nos termos definidos ainda no inĂcio dos anos 1980.
Por inação ou omissĂŁo, algumas demandas jĂĄ eram para ter sido resolvidas ao curso dos Ășltimos anos. Desde a sua canalização, que ficou pelo meio do caminho, o cĂłrrego de Santa Luzia salta do leito e afeta diretamente as avenidas Ibitiguaia e Santa Luzia. Abaixo do nĂvel do Paraibuna, o histĂłrico do Bairro Industrial Ă© semelhante.
O emprĂ©stimo pedido pela Prefeitura pode ser exorbitante ao olhar de alguns, mas Ă© necessĂĄrio ante o tamanho do problema. Os vereadores estĂŁo certos em cobrar detalhamentos, a fim de tambĂ©m colaborarem com a iniciativa, mas precisam, ao mesmo tempo, considerar as consequĂȘncias das obras. O municĂpio precisa, Ă© fato, estar com contas equilibradas, para atĂ© mesmo conseguir investimentos, mas nĂŁo se trata de uma empresa com viĂ©s do lucro. Se hĂĄ a necessidade, que se faça o emprĂ©stimo. Sua execução, desde que sob a necessĂĄria transparĂȘncia, Ă© um dado a ser acompanhado pela prĂłpria instĂąncia legislativa e pela comunidade.
O que nĂŁo pode Ă© jogar a discussĂŁo para frente, como a histĂłria Ă© testemunha. Passado o ciclo das chuvas, Ă© hora do âmĂŁos Ă obraâ pois, inexoravelmente, elas voltarĂŁo no prĂłximo verĂŁo, e, como alertam os institutos de meteorologia, ante as instabilidades climĂĄticas, a intensidade serĂĄ cada vez maior.