No dia 25 de maio de 2023 o contrato de concessão do Parque Estadual do Ibitipoca foi assinado. A partir daquele momento, a Parquetur se tornou responsável pelo uso público do espaço pelos próximos 30 anos. Neste sábado (25), a assinatura do contrato completa um ano, e a Tribuna de Minas revisita os compromissos firmados entre a empresa e o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e as mudanças que ocorreram no decorrer deste período.
Uso público
A administração do Parque Estadual do Ibitipoca atualmente acontece de forma conjunta entre a Parquetur e o IEF, sendo a concessionária a responsável pelo uso público do espaço, enquanto o órgão estadual segue com trabalhos de conservação. Após a assinatura do contrato, em maio, a empresa passou por uma etapa de transição quando se dedicou a mobilização e aprendizados para o início da prestação dos serviços.
A empresa só assumiu a gestão do parque, de fato, no dia 22 de agosto de 2023, como conta a servidora do IEF e gerente da Unidade de Conservação, Clarice Silva. “Desde então, eles (Parquetur) já fizeram várias entregas, coisas que as pessoas não veem porque são documentos.” Dentre esses documentos estão o Relatório de Vistoria, o Programa de Monitoramento de Impactos da Visitação, o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) do Parque, o Plano de Manutenção de Ativos, o Plano de Comunicação e Identidade Visual, o Plano de Intervenções e o Plano de Uso Compartilhado das Estruturas, dentre outros produtos. Alguns destes ainda estão sendo revistos e aprimorados para aprovação final do IEF.
Fora isso, Clarice afirma que a Parquetur montou uma equipe própria de operação. Houve a contratação de 16 colaboradores diretos pela concessionária, além de outros 29 colaboradores avulsos que atuam em dias de maior fluxo de visitantes, todos, conforme o IEF, da comunidade do entorno.
Na avaliação da gerente, a concessão tem sido positiva e ajudado no fortalecimento do trabalho do órgão ambiental estadual. “Agora nossa equipe do IEF pode investir as energias em outras atividades de educação ambiental, integração e desenvolvimento do entorno. Estamos com um trabalho ligado diretamente aos produtores rurais. Temos tempo para fazer de fato a conservação ambiental para além da cerca do parque. Está sendo muito positivo, porque temos um parceiro para fazer a operação da visitação e, enquanto isso, o IEF poder fazer realmente as atividades que são de conservação ambiental.”
Aumento no valor do ingresso do Parque Estadual do Ibitipoca
Em novembro, seis meses após a assinatura do contrato, a Parquetur aumentou o valor do ingresso no parque. Com o reajuste, a entrada passou a custar R$ 30, nos fins de semana e feriados, e R$ 25 nos dias de semana. Anteriormente, esses valores eram, respectivamente, R$ 25 e R$ 20.
O aumento, de cerca de 20% no preço do ingresso, estava previsto no contrato de concessão. Segundo o documento, a concessionária estava apta a cobrar ingresso limitado ao preço máximo de R$ 30 até a conclusão das obras mínimas. Essas obras são intervenções obrigatórias previstas para os dois primeiros anos de operação do parque. Após a conclusão dessas intervenções, a Parquetur poderá cobrar ingresso de até R$ 70, com o valor podendo ser corrigido pela inflação do período.
A mudança também veio acompanhada da possibilidade da compra on-line. Anteriormente a venda dos ingressos ocorria na portaria com pagamentos apenas em dinheiro. Devido ao limite de mil visitantes por dia, o turista precisava realizar um agendamento prévio no site, reservando sua vaga para o roteiro escolhido. Eram 700 vagas direcionadas para reservas e 300 por ordem de chegada.
Depois da digitalização da entrada, a visitação na unidade apresentou crescimento. Conforme o IEF, em nota, entre setembro de 2023 e março de 2024, observou-se visitação de 64.077 pessoas, número 30,72% maior se comparado ao mesmo período do ano anterior, no qual o parque teve 49.015 visitantes.
Para Clarice, a informatização da portaria representou uma comodidade ao visitante que agora pode comprar seu ingresso antecipado. “O visitante está muito mais satisfeito, ele poder comprar o ingresso antecipado, chegar aqui sem se preocupar se vai entrar ou não.” Além disso, o IEF ressalta a criação do sistema de atendimento Blip, plataforma onde o visitante pode tirar suas dúvidas através do chatbot ou falando diretamente com os atendentes. Nesta, são registrados cerca de 500 atendimentos por mês.
Obras mínimas
Pelo contrato, a Parquetur tem dois anos para realizar as chamadas “obras mínimas”. Na lista dessas intervenções estão reformas nas estruturas já existentes, além da construção de novas, como um novo centro de visitantes, um ninho “instagramável” e a portaria norte.
Destas intervenções, Clarice afirma que a Parquetur já entregou algumas reformas, como a da portaria, a do restaurante, no qual foi feita uma nova passarela, e estão encaminhando para outras reformas, como a dos banheiros. Quanto às outras, como o novo centro de visitantes, a empresa segue na fase de estudos para definir o melhor local para que a estrutura seja instalada.
Das obras mínimas, a abertura da portaria norte é uma das mais esperada pela população do entorno. A “P2”, como está sendo chamada, vai ser instalada em uma região entre os municípios de Bias Fortes e Santa Rita do Ibitipoca. Atualmente, a única entrada para o parque fica em Lima Duarte, no Distrito de Conceição do Ibitipoca. A demanda pelo acesso norte é antiga. Há mais de 15 anos os moradores da região pleiteiam a construção de uma nova portaria, que, segundo eles, vai democratizar o turismo no parque, um dos destinos mais procurados do estado.
Conforme Clarice, a portaria norte vai ser favorável para que as comunidades da face norte do parque possam usufruir dos benefícios do turismo na região. “Vai ser benéfico para os visitantes também, que vão poder realizar a travessia, entrar por uma portaria e sair pela outra.”
Novos atrativos
Dentro das obrigações contratuais, a Parquetur também se comprometeu a abrir novos atrativos. Um deles será a Cachoeira da Pedra Quadrada, que chegou a ser aberta por um período e depois fechada, pois necessita da construção de uma passarela de acesso para a visitação. Conforme Clarice, há ainda a previsão de abrir outra cachoeira, conhecida como Cachoeira das Fadas.
“É um atrativo muito esperado por todos que trabalharam nesse processo, a comunidade, a equipe do IEF, os guias. A Cachoeira das Fadas vai precisar de uma estrutura, por ser um lugar muito sensível. Teremos a implantação de um deque, de uma passarela, para que a visitação possa ocorrer sem danos ambientais.” Em 2019, o parque abriu três novas cachoeiras no Circuito do Pico do Pião. Foram elas: as cachoeiras da Pedra Furada, Cachoeira do Encanto e Poço do Campari.