Cerca de metade da população de Juiz de Fora é usuária do transporte público. O dado, divulgado na matéria do último domingo (8) da série Voto e Cidadania, mostra que 281.617 passageiros/dia foram contabilizados em média pelo Consórcio Via JF, de segunda a sexta-feira, levando-se em conta o intervalo entre 19 de agosto e 3 de setembro. Isso representa 49% da população total da cidade, atualmente com 565.764 residentes, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar da relevância do modal, as condições de acesso ao transporte público urbano são alvo de críticas por quem depende dele todos os dias. Destacam-se queixas relacionadas a acessibilidade, manutenção dos veículos e cumprimento de horários, além da insegurança causada por acidentes e incêndios.
A matéria de domingo levantou tais problemáticas e, a partir delas, uma pergunta foi elaborada e demandada a todos os candidatos nesta segunda-feira (9), às 8h, com prazo estipulado de retorno até às 15h do mesmo dia. As respostas deveriam ter, no máximo, 2 mil caracteres.
Não houve qualquer edição da Tribuna no material enviado, a não ser pelo corte do texto na sentença anterior, quando o limite de toques estabelecido em reunião com a presença de todos os assessores não foi cumprido.
A ordem em que os candidatos aparecem na imagem, bem como a de suas respostas nesta matéria, foi definida em sorteio com a presença das assessorias de todos os pleiteantes à PJF.
Com base nos pontos levantados, a questão demandada aos candidatos foi:
O transporte público é um problema histórico em Juiz de Fora. Como melhorar a qualidade do serviço e, ao mesmo tempo, investir em outras frentes da mobilidade urbana, mais sustentáveis, na cidade?
Charlles Evangelista (PL)
Pensando nos profissionais do transporte, criaremos baias exclusivas em áreas de grande fluxo, como centros comerciais e hospitais, trazendo mais agilidade para o dia a dia. Para taxistas, motoristas de aplicativo e entregadores, desenvolveremos espaços públicos estratégicos com infraestrutura completa: banheiros, áreas de descanso, pontos de recarga para celular e internet gratuita. Locais limpos, seguros e acessíveis 24 horas por dia.
Isauro Calais (Republicanos)
Devemos focar em tecnologia e modernização para melhorar o atendimento, com conforto e, principalmente, segurança.
A Prefeitura rompeu o contrato com as empresas Gil, Tusmil e São Francisco, que poderiam ter recebido suporte para continuar atuando e ajudando no transporte público da nossa cidade. Para umas, a lei; para outras, subsídios de mais de R$ 130.000.000,00 (cento e trinta milhões de reais).
O número de passageiros está diminuindo devido à baixa qualidade do transporte oferecido, com muitos optando por aplicativos, táxis ou até mesmo se deslocando a pé.
Temos um projeto que alguns órgãos de imprensa ironizaram, mas que é defendido pelo professor da faculdade de urbanismo da UFJF, Fábio José M. de Lima, que advoga pelo metrô de superfície. Buscaremos recursos necessários para retirar a linha férrea do centro da cidade e implementar um metrô de superfície.
A prioridade é preparar uma nova licitação de transporte público com mais empresas, para evitar o monopólio atual e garantir o retorno dos cobradores, evitando que o motorista acumule funções.
Também estudaremos a viabilidade de criar novas rotas para desafogar o trânsito, com a participação de profissionais técnicos capacitados, e faremos a manutenção da malha asfáltica e dos equipamentos de trânsito, como placas, semáforos e sinais, inclusive sinalizando as estradas rurais.
Serão criadas ciclovias ligando a zona norte ao bairro de Lourdes e em outras regiões a serem estudadas, permitindo o uso de bicicletas como meio de transporte seguro e sustentável.
Victória Melo (PSTU)
Margarida Salomão (PT)
Sabemos que ainda há muito a ser feito para oferecer um sistema de transporte público que seja, além de acessível como é hoje, seguro, pontual e confortável para todos.
Quando chegamos à Prefeitura, a situação era caótica: empresas quebradas, atrasos, péssimas condições dos veículos. Tanto que rompemos com uma das empresas, para buscar mais qualidade para os usuários.
O contrato de concessão de serviço de transporte público atual, ao qual a administração municipal está “presa”, expira em 2026, e será revisado com rigor, focando em exigir das empresas concessionárias mais qualidade nos serviços prestados. Estamos trabalhando para a renovação da frota, garantindo ônibus mais modernos e acessíveis, além de ajustar horários e trajetos para atender melhor às necessidades dos passageiros.
Mas o transporte público é apenas uma parte da solução. Sabemos que uma cidade verdadeiramente conectada precisa oferecer opções de mobilidade mais amplas. Por isso, também investiremos de forma contínua em melhorar as condições das calçadas para os pedestres e incentivar o uso de alternativas sustentáveis também melhorando sempre as condições das vias de circulação, para viabilizar o uso de alternativas como bicicletas e incentivar o transporte compartilhado.
Trabalhamos e trabalharemos por uma cidade onde todos, independentemente do meio de transporte, possam se locomover de forma segura, eficiente e acessível.
Ione Barbosa (Avante)
Nos últimos anos, atrasos, supressões de linhas e horários, acidentes e incêndios em veículos se tornaram marcas do transporte público de Juiz de Fora. Discordo de que se trate de um problema histórico. O caos atual é recente; nunca havia chegado a esse nível antes.
A primeira medida que vamos implementar será a retomada do controle do sistema de transporte coletivo municipal, atualmente gerido exclusivamente por um empresário sem fiscalização. Com o sistema de GPS e monitoramento de frota em vigor, é inadmissível que ocorram atrasos e acidentes por falta de manutenção.
Também mudaremos a política de subsídios para o transporte coletivo de Juiz de Fora, que hoje é feita sem controle e transparência. O município repassou R$ 160 milhões para o grupo empresarial que comanda o setor, e a realidade para os usuários de ônibus não mudou.
Na nossa gestão, se os ônibus não rodarem, não receberão dinheiro público.
Além disso, já iniciamos conversas com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) para elaborar um estudo de viabilidade do uso da linha férrea para transporte de passageiros sobre trilhos.
Não faz sentido o município gastar R$ 160 milhões em subsídios para o transporte público em pouco mais de dois anos, enquanto a concessionária da linha férrea promete apenas R$ 200 milhões em investimentos nos próximos 30 anos para amenizar os impactos do trem no trânsito de Juiz de Fora.
Por fim, acabaremos com a indústria de arrecadação embutida nos altos valores das outorgas dos táxis e nas inúmeras multas aplicadas aos carros de aplicativos.
Júlio Delgado (MDB)
Quero ser prefeito para fazer de Juiz de Fora uma cidade onde a esperança se realize. Tenho um Plano de Governo, um conjunto de ações que busca retomar o bom caminho e transformar nossos sonhos em realidade. E quero fazer isso com você, pois, para mim, o importante é a vida das pessoas.
Vou atualizar e realizar as obras previstas no Plano de Mobilidade Urbana de 2016. Quero também implantar o metrô de superfície, com estações em pontos estratégicos para modernizar nossa malha urbana. Ao mesmo tempo, vamos concretizar as obras do Contorno Ferroviário, desejadas por todos. Outra ação para facilitar e agilizar o trânsito será a liberação da faixa exclusiva para ônibus na Av. Rio Branco para os táxis, aliviando o trânsito nas pistas paralelas e aumentando a segurança no embarque e desembarque dos passageiros.
Vamos dar mais dignidade à função do trocador, que passará a ser chamado de Auxiliar de Transporte Público (ATP), ajudando os usuários com suas necessidades e prevenindo incidentes. Além disso, implantaremos o Programa “Juiz de Fora Amiga do Ciclista”, com uma ciclovia ao longo da Av. Brasil e bicicletários em pontos estratégicos, contribuindo para uma cidade mais saudável e melhor de se viver.