Veja como ficaram as eleições nas capitais do país

Maioria dos candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro sofre derrota


Por Jussara Soares e Camila Turtelli para Agência Estado

16/11/2020 às 08h01

Dos 45 candidatos a vereador que apareceram no “horário eleitoral gratuito” de Jair Bolsonaro, apenas sete conquistaram uma vaga no legislativo de suas cidades. Entre os derrotados, estão quatro que tiveram um empenho extra do presidente, como a sua ex-assessora Wal do Açaí (Republicanos), em Angra dos Reis; Deilson Bolsonaro, em Boa Vista; e Clau de Luca (PRTB) e Sonaira Fernandes (Republicanos), em São Paulo.
O quarteto, com os respectivos números, foi mencionado em uma publicação na véspera da votação. A postagem foi apagada no domingo (15) quando as urnas indicavam o fracasso dos apadrinhados. Eles também foram mencionados diversas vezes nas transmissões ao vivo.
Ao pedir votos, o presidente chegou a dizer que era “apaixonado” por Sonaira e Clau. A primeira trabalhou no gabinete de Eduardo Bolsonaro, a segunda se aproximou do presidente nas eleições e é ativa nas redes sociais.
“Olha pessoal, tem que eleger essas vereadoras aqui, se não vai pegar mal pra mim pra caramba. Não eleger prefeito é normal, porque a barra é pesada e lá não temos como ajudá-lo”, disse Bolsonaro, em uma “live”. O apelo não foi suficiente. Sonaira teve 17.868 votos, e Clau de 5.788.
Bolsonaro também mostrou apoio para sua ex-assessora Walderice Santos da Conceição, a Wal do Açaí. Ela concorreu ao cargo de vereadora em Angra dos Reis (RJ) com o nome de Wal Bolsonaro, mas só conquistou 266 eleitores. Durante a campanha, Bolsonaro voltou a negar que Wal tenha sido sua “funcionária fantasma”. Ela se demitiu após reportagem da Folha de S.Paulo, em 2018, apontar que ela trabalhava vendendo açaí, enquanto era nomeada no gabinete do então deputado federal.
Entre treze candidatos a prefeito que tiveram votos pedidos por Bolsonaro, apenas dois passaram ao segundo turno: Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio, e Capitão Wagner (PROS), em Fortaleza. O ex-senador Mão Santa (DEM) foi reeleito prefeito em Parnaíba, no Piauí, e Gustavo Nunes (PSL) conquistou a prefeitura em Ipatinga, em Minas Gerais.
Bolsonaro também se empenhou para pedir voto para coronel Fernanda candidata ao Senado no Mato Grosso, em uma eleição suplementar. A vaga foi aberta com a cassação do mandato da juíza Selma Arruda, no ano passado. O empresário Carlos Fávero (PSD) venceu com 26% dos votos válidos e terá mandato até 2026. Ele já ocupava o cargo interinamente por ter sido um dos mais votados na eleição de 2018.

Prefeitos já eleitos
Belo Horizonte: Alexandre Kalil (PSD), reeleito.
Campo Grande: Marquinhos Trad (PSD), reeleito.
Curitiba: Rafael Greca (DEM), reeleito.
Florianópolis: Gean Loureiro (DEM), reeleito.
Natal: Álvaro Dias (PSDB), reeleito.
Palmas: Cinthia Ribeiro (PSDB), reeleita.
Salvador: Bruno Reis (DEM)

Segundo turno:
Aracaju: Edvaldo Nogueira (PDT) x Danielle Garcia (Cidadania).
Belém: Edmilson Rodrigues (PSOL) x Delegado Eguchi (Patriota).
Boa Vista: Arthur Henrique (MDB) e Ottaci (Solidariedade).
Cuiabá: Emanuel Pinheiro (MDB) x Abílio Júnior (Podemos).
Fortaleza: Sarto Nogueira (PDT) x Capitão Wagner (Pros).
Goiânia: Maguito Vilela (MDB) x Vanderlan Cardoso.
João Pessoa: Cícero Lucena (Progressistas) x Nilvan Ferreira (MDB).
Maceió: haverá segundo turno, que ainda está indefinido.
Manaus: Amazonino Mendes (Podemos) x David Almeida (Avante).
Porto Alegre: Sebastião Melo (MDB) x Manuela d’Ávila (PCdoB).
Porto Velho: Hildon Chaves (PSDB) x Cristiane Lopes (PP).
Recife: João Campos (PSB) x Marília Arraes (PT).
Rio Branco: Socorro Neri (PSB) x Tião Bocalom (PP).
Rio de Janeiro: Marcelo Crivella (Republicanos) x Eduardo Paes (DEM).
São Luís: Eduardo Braide (Podemos) x Duarte Júnior (Republicanos).
São Paulo: Bruno Covas (PSDB) x Guilherme Boulos (PSOL).
Teresina: Dr. Pessoa (MDB) x Kleber Montezuma (PSDB).
Vitória: Delegado Pazolini (Republicanos) x João Coser (PT).

Centrão avança nas capitais e aumenta seu capital político

Aliado do presidente Jair Bolsonaro, o Centrão teve um bom desempenho nas urnas ontem. Líderes do grupo que dá as cartas no Congresso conseguiram eleger afilhados e avançar para o segundo turno em cidades importantes no País. As dez legendas do bloco (Progressistas, PSD, PL, PTB, Republicanos, PSC, Solidariedade, Avante, Patriota e Pros) fizeram ao menos 887 prefeituras, de acordo com os resultados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até a 1h de hoje.
O desempenho do Centrão, grupo liderado pelo deputado Arthur Lira (AL), contrasta com a atuação do PSL, que até o ano passado era o partido de Bolsonaro. O PSL minguou. O Centrão raiz, porém, deve aumentar seu capital político nas negociações do Congresso nos próximos dois anos.
O Progressistas, partido de Lira, avançou em cidades do Norte e Nordeste, onde Bolsonaro tenta aumentar sua popularidade. Cícero Lucena (PP-PB) foi para o segundo turno de João Pessoa, capital da Paraíba. Apadrinhada pela deputada Jaqueline Cassol (Progressistas-RO), Cristiane Lopes conseguiu ir para a segunda rodada em Porto Velho, capital de Rondônia.
O crescimento da sigla comandada pelo senador Ciro Nogueira (PI) nessas regiões pode ter um peso importante nos próximos passos de Bolsonaro. Sem filiação desde o ano passado, o presidente é assediado pelo partido, pelo PTB de Roberto Jefferson e por uma ala do PSL, que quer o seu retorno.
Ainda nas capitais, o PSD conseguiu reeleger, neste primeiro turno, o prefeito de Belo Horizonte (MG), Alexandre Kalil. Em Campo Grande (MS), Marquinhos Trad também foi reconduzido à prefeitura. Comandado por Gilberto Kassab e com Fábio Faria ocupando o Ministério das Comunicações, o PSD também foi para o segundo turno em Goiânia (GO), com Vanderlan Cardoso.
Com o apoio de Bolsonaro, o Pros conseguiu levar Capitão Wagner para a segunda rodada em Fortaleza (CE). O partido ocupa cadeiras da vice-liderança do governo Bolsonaro no Congresso.
O Republicanos avançou com Marcelo Crivella, que conquistou o segundo turno no Rio, com o apoio de Bolsonaro. O vereador Carlos Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, filhos do presidente, também estão na legenda.
Na lista dos partidos da base do governo, o Avante levou o ex-governador do Amazonas Davi Almeida para o segundo turno em Manaus, com aval do atual governador, Wilson Lima (PSC). O Patriota, por sua vez, passou para a segunda etapa da disputa em Belém (PA) com Delegado Eguchi.

Deputados
Dos 68 deputados concorrendo às prefeituras neste ano, poucos tiveram êxito. Oito vão seguir na corrida no segundo turno. O único eleito foi o deputado Juninho do Pneu (DEM-RJ), vice-prefeito na chapa de Rogério Lisboa (PP-RJ), em Nova Iguaçu (RJ).
No Recife, os primos João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) vão rivalizar o segundo turno na capital de Pernambuco. O deputado Edmilson Rodrigo (PSOL) está no segundo turno em Belém (PA). Em Boa Vista (RR), Ottaci Nascimento (Solidariedade) também segue na disputa no segundo turno.
Ainda nas capitais, foram para o segundo turno os deputados federais JHC (PSB), em Maceió (AL), e Eduardo Braide (Podemos), em São Luís (MA). Darci de Matos (PSD-SC) foi para o segundo turno em Joinville e Margarida Salomão (PT-MG), em Juiz de Fora.

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