Câmara Municipal terá dez novos vereadores a partir de 2021
Com três cadeiras, o PT terá a maior bancada do Legislativo; além dos petistas, apenas PSC, DEM e PSB elegeram mais de um vereador
A Câmara Municipal de Juiz de Fora iniciará a legislatura 2021-2024 com dez novos vereadores em relação à configuração atual do Legislativo. Contudo, a nova composição do Palácio Barbosa Lima continuará fragmentada, já que apenas quatro partidos serão representados por mais do que um vereador – a proporção será de 14 partidos para 19 assentos. O PT, por exemplo, terá a maior bancada da Câmara, com três parlamentares. Em seguida, o PSC, o DEM e o PSB terão duas cadeiras. As demais siglas terão apenas um assento cada. O pleito, aliás, foi o primeiro sem coligações para eleições proporcionais.
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Dos 16 vereadores que buscavam a reeleição, sete ficaram pelo caminho: Adriano Miranda (PRTB), André Mariano (PSL), João Coteca (PL), José Fiorilo (PL), Rodrigo Mattos (Cidadania) – presidente da Casa no biênio 2017-2018, inclusive –, Wagner França (Cidadania) e Wanderson Castelar (PT). Além destes, os vereadores Ana Rossignoli (Ana do Padre Frederico, Patriota), Júlio Obama Jr. (Podemos) e Kennedy Ribeiro (PV) não seguirão para a legislatura 2021-2024, já que renunciaram à tentativa de reeleição por motivos distintos. Ao passo que Ana abriu caminho para a empreitada vitoriosa do filho Júlio César Rossignoli (Julinho, Patriota), Obama e Kennedy optaram pela disputa majoritária como candidatos a vice de, respectivamente, Sheila Oliveira (PSL) e Margarida Salomão (PT).
Os vereadores Aparecido Reis (Cido, PSB), Marlon Siqueira (Progressistas), Antônio Aguiar (DEM), José Márcio Guedes (Garotinho, PV), Luiz Otávio Fernandes Coelho (PSL), Juraci Scheffer (PT), Carlos Alberto Mello (Mello Casal, PTB), Vagner de Oliveira (PSB) e Nilton Militão (PSD) foram reeleitos neste domingo (15). Contudo, apenas Cido, Marlon e Aguiar, por exemplo, figuram entre os dez vereadores eleitos mais bem votados, o que ressalta a busca do eleitorado por novos rostos na Câmara Municipal, embora alguns estreantes tenham ligações com figuras históricas da política juiz-forana recentes.
Quociente
O quociente eleitoral das eleições para a Câmara Municipal de Juiz de Fora em 2020 foi de 13.650 votos, ou seja: para ter ao menos uma cadeira no Legislativo, cada partido deveria ter feito no mínimo 13.650 votos somados todos os recebidos pelos candidatos daquele partido, além dos votos de legenda. O quociente eleitoral é calculado pela divisão dos votos válidos – 259.363 votos – pelo número de cadeiras da Câmara – 19. Agora, o número de vereadores a que cada partido tem direito chama-se quociente partidário. Este índice é calculado pela divisão do número total de votos de um partido pelo próprio quociente eleitoral.
Bejani e Ana do Padre Frederico fizeram sucessores
Os juiz-foranos voltaram às urnas neste domingo (15) para eleger pela primeira vez a professora Aparecida de Oliveira Pinto (Cida, PT); o militar reformado Júlio César Rossignoli (Julinho, Patriota); o comerciante Maurício Delgado (DEM); André Luiz (Republicanos); o administrador Tiago Bonecão (Cidadania); o vendedor Bejani Júnior (Podemos); a professora Laiz Perrut (PT); o militar reformado João Wagner Antoniol (PSC); a professora Tallia Sobral (PSOL) e a dona de casa Kátia Franco (Kátia Protetora, PSC). Apesar de estreante no Legislativo, parte dos vereadores eleitos assumiu um cacife político relevante de familiares.
Se em 2016 o ex-vereador Chico Evangelista elegera o filho Charlles Evangelista para a Câmara Municipal, a vereadora Ana do Padre Frederico e o ex-prefeito Carlos Alberto Bejani (PSL) também foram bem-sucedidos ao lançar os filhos Julinho e Bejani Jr. na empreitada para o Legislativo. Julinho, por exemplo, foi o terceiro candidato mais votado, com 5.328 votos (2,05%). Já Bejani Jr. foi o décimo, com 3.503 votos (1,35%). Em 2016, Bejani Júnior já havia tentado a eleição, mas terminou como suplente do Partido Trabalhista Cristão (PTC) após receber 767 votos (0,28%).
Além de Julinho e Bejani Jr., outros vereadores eleitos têm ligações familiares com políticos juiz-foranos. A professora e sindicalista Cida, por exemplo, é esposa do ex-vereador e deputado estadual Roberto Cupolillo (Betão, PT). A petista, aliás, foi a mais bem votada em 2020, com 6.045 votos (2,33%), resultado superior a qualquer um dos conquistados por Betão entre 2008 e 2016, ou seja, quando eleito. A eleição de Cida, somada à de Laiz Perrut e à reeleição de Juraci Scheffer, dará ao PT a maior bancada da legislatura 2021-2024 de largada.
Além de Cida, o vereador eleito Maurício Delgado representa a família Delgado. Ele é sobrinho do ex-prefeito Tarcísio Delgado (PSB) e primo do deputado federal Júlio Delgado (PSB). Em 2012, Maurício já havia tentado uma cadeira na Câmara Municipal pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). À época, recebeu 2.651 votos (0,92%), terminando o pleito apenas como suplente.
PSOL estreia com Tallia Sobral
Se no Executivo o PSOL levou a candidata Lorene Figueiredo (PSOL) a receber 2.381 votos (0,92%), a vereadora eleita Tallia Sobral recebeu 2.948 votos (1,14%) no Legislativo e será a primeira parlamentar do partido na história da política juiz-forana. A suplente de Tallia será a candidata Dandara Felícia (PSOL), que registrou 2.067 votos (0,8%). A título de comparação, a chapa PCB/PSOL fez, em 2016, apenas 1.017 votos, ou seja, ambas as candidatas superaram o montante de votos da sigla em 2016.
Se o PSOL estreia no Legislativo municipal, o PSC recupera os dois assentos perdidos ao longo da legislatura 2017-2020. Há quatro anos, a legenda elegera os vereadores André Mariano e Vagner de Oliveira, mas encerrará 2020 sem nenhum parlamentar, já que André e Vagner trocaram o PSC por, respectivamente, PSL e PSB. Em 2021, o PSC iniciará a legislatura com João Wagner Antoniol e Kátia Protetora.
Rodrigo e Castelar deixam a Câmara
Ao passo que novos vereadores chegarão ao Palácio Barbosa Lima a partir do próximo ano, parlamentares com mais de uma década de casa, como Rodrigo Mattos (Cidadania) e Wanderson Castelar (PT), deixarão a Câmara Municipal. Embora ambos estejam como primeiros suplentes dos respectivos partidos, deixam o Legislativo municipal desprestigiados pelas urnas.
Filho do ex-prefeito Custódio Mattos (Cidadania), Rodrigo está na Câmara Municipal desde 2004, quando eleito com 3.449 votos ainda pelo PSDB. Reelegeu-se em 2008 e 2012 pelo mesmo partido, além de, em 2016, pelo PHS – hoje, Podemos –, ocasião em que atingiu a maior votação nominal, com 4.401 votos recebidos, da própria trajetória. Contudo, com 2.751 votos (1,06%), ficou atrás do correligionário Tiago Bonecão, único candidato do Cidadania eleito neste pleito.
Castelar, por sua vez, ingressou na Câmara Municipal na legislatura 2009-2012, quando foi o quarto vereador eleito mais bem votado, com 3.560 votos, atrás apenas de Bruno Siqueira, Isauro Calais e Rodrigo Mattos. Reeleito em 2012 e 2016, Castelar, desta vez, foi alijado do Legislativo após desempenho superior dos correligionários Cida, Laiz Perrut e Juraci Scheffer. O maior quociente partidário das eleições juiz-foranas conquistado pelo PT foi insuficiente para garantir a Castelar mais um mandato diante dos 1.808 votos neste domingo.
MDB e PSDB sem vereadores
Apesar de já encerrarem a atual legislatura sem assento algum na Câmara, a ausência de vereadores eleitos entre as hostes emedebistas e tucanas neste domingo escancara o limbo político em que se encontram as siglas. O MDB, por exemplo, iniciou a legislatura ainda em vigência com quatro vereadores: Ana do Padre Frederico, Marlon Siqueira, Antônio Aguiar e Kennedy Ribeiro. Coincidentemente, todos deixaram a legenda na última janela partidária. Já o PSDB tinha apenas Rodrigo Mattos no Legislativo, que esteve na presidência da Casa no biênio 2017-2018.
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Nem PSDB tampouco MDB lançaram chapa proporcional cheia – 29 candidatos – para elevar as chances de ambos chegarem à Câmara Municipal de Juiz de Fora. Partido ao qual é filiado o prefeito Antônio Almas, o PSDB lançou 16 candidatos em busca de uma cadeira no Legislativo. O candidato tucano mais bem votado, por exemplo, foi o padeiro Gilson Reis, com apenas 468 votos (0,18%). Gilson foi somente o 116º candidato a vereador a receber o maior número de votos. Nas eleições majoritárias, diga-se, os tucanos compuseram com a candidata Ione Barbosa (Republicanos) ao indicar o vice Rodrigo Gherardi.
O MDB, por sua vez, lançou apenas dez candidatos à Câmara. O candidato mais bem votado foi o administrador Fred Neves, com 380 votos (0,15%), apenas o 137º posicionado nominalmente dentre todos os candidatos ao Legislativo. Assim como o PSDB, o MDB sequer teve um cabeça de chapa na corrida pela PJF para puxar votos para a chapa de vereadores, uma vez que os emedebistas estavam, sem protagonismo algum, na base da candidata Sheila Oliveira (PSL)