PSL é o partido que mais recebeu recursos do Fundão na corrida pela Câmara de JF

A uma semana do primeiro turno das eleições municipais, que acontece no próximo domingo, levantamento feito pela Tribuna mostra que 12 partidos já destinaram um total de R$ 450 mil através do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) para 138 candidaturas a vereador. Os recursos impulsionam os projetos destes concorrentes na disputa que vai preencher as 19 cadeiras da Câmara Municipal para a Legislatura 2021/2024. Chamado de Fundão, o fundo conta com mais de R$ 2 bilhões e é mantido com recursos públicos e disponibilizado aos partidos, conforme a legislação vigente.

Com dois vereadores tentando a reeleição, o presidente do Legislativo, Luiz Otávio Coelho (Pardal), e André Mariano, o PSL é o partido que mais fez repasses em Juiz de Fora a partir de dinheiro público, com transferências para sete candidatos que somam R$ 179 mil. As informações têm por bases dados constantes no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última quinta-feira (5).

Os dois vereadores que tentam a reeleição são as principais apostas do PSL e lideram o ranking dos candidatos que mais receberam recursos do Fundão. Pardal é o líder da relação e angariou um total de R$ 60 mil. O segundo dessa relação é exatamente André Mariano, que recebeu R$ 50 mil em transferência partidária.

O partido ainda portou recursos do Fundão na candidatura do ex-vereador Francisco Canalli, que recebeu repasse de R$ 20 mil; de João David, R$ 17 mil; de Kelma Costa, R$ 17 mil; Wanessa Praxedes Luiz, R$ 8 mil; e Magaly Fernandino, R$ 7 mil.
No caso das três mulheres, os repasses oriundos do Fundão vieram de transferências feitas pela campanha da deputada estadual Sheila Oliveira (PSL) à Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), que originalmente recebeu os valores via transferência partidária.

R$ 3,4 milhões
Cabe destacar que o PSL é, de longe, o partido que mais destinou recursos oriundos do Fundão para a campanha em Juiz de Fora. Isto porque, na disputa pela Prefeitura, a legenda já injetou poucos mais de R$ 3,4 milhões na campanha majoritária de Sheila Oliveira.

Em recorte feito nesta terça-feira pelo jornal “O Globo”, Sheila figurava entre as 20 candidaturas a prefeito em todo o país que mais receberam transferências partidárias a partir de verbas do Fundão, figurando entre nomes como o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), e o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que tentam a reeleição, e o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), que busca voltar ao comando do Poder Executivo carioca.

Na ocasião, Sheila apareceu na 13.ª colocação entre as campanhas que mais receberam transferências partidárias no país e a primeira entre municípios interioranos.

Chapas de PSL, PSD e PT recebem mais de R$ 100 mil cada

Assim como o PSL, as chapas de outros dois partidos – PSD e PT – também receberam valores mais significativos, acima dos R$ 100 mil, em transferências partidárias.

Assim, 28 candidatos do PSD angariaram, juntos, R$ 129,840, a partir de repasses oriundos do Fundão. Neste caso, a distribuição foi mais equânime entre todos os integrantes da chapa apresentada pela legenda para a disputa por cadeiras na Câmara: 18 receberam R$ 4.880, incluindo o único vereador da sigla, Nilton Militão (PSD), que tenta a reeleição; nove, R$ 4.500; e um R$ 1.500.

No PT, foram R$ 109.112 de transferências originárias do Fundão para 12 candidatos. Duas campanhas se mostraram como destinos preferenciais: Robson Marques (PT), que levou pouco mais de R$ 45 mil do partido; e Laiz Perrut (PT), que contou com o aporte de quase R$ 22 mil. No caso de Laiz, as transferências vieram do diretório estadual petista e da campanha da deputada federal Margarida Salomão (PT) à Prefeitura.

Também contaram com transferências partidárias de recursos vindos do Fundão 17 candidatos do PSC, que receberam, juntos, R$ 82,5 mil.
Outros que também utilizam dinheiro da mesma fonte foram: 27 candidatos do PCdoB, que computaram R$ 64,8 mil; três do PSB, que angariaram R$ 35 mil; e 16 do Republicanos, que, juntos, levaram R$ 28.478.

Em menores valores, ainda receberam verbas a partir de dinheiro público os postulantes a vereador do PCB, Avante, PP, PSOL e PSTU.

14 candidatos levam mais de R$ 10 mil de partidos

Individualmente, 14 candidatos a vereador receberam igual ou acima de R$ 10 mil em repasses partidários originários do fundão. Além dos nomes já citados anteriormente, integram a lista: Vitinho (PSC), que recebeu R$ 30 mil; o vereador Cido Reis (PSB), que tenta a reeleição e foi contemplado com um repasse de R$ 15 mil; Kátia Franco (PSC), R$ 15 mil; Maria do Carmo (PSB), R$ 15 mil; André Luiz (Republicanos), R$ 12.528; Everaldo Márcio (PCdoB), R$ 11.413,41; e o ex-vereador José Emanuel (PSC), R$ 10 mil.

Campanhas sem recursos do Fundão

Das 20 candidaturas à Câmara Municipal com maior arrecadação global, entretanto, 13 candidatos lançaram-se à corrida por uma cadeira no Legislativo sem o financiamento de recursos oriundos do Fundão. Dentre eles, os vereadores Marlon Siqueira (Progressistas), Carlos Alberto Mello (Mello Casal, PTB), Rodrigo Mattos (Cidadania), José Fiorilo (PL) e José Márcio Guedes (Garotinho, PV).

Além destes, os candidatos Chico Evangelista (Podemos), Igor Burkowski (Novo), Maycon Chagas (PT), Jefferson Januário (Negro Bússola, Rede), Maurício Delgado (DEM) e Alcebiades Filho (Tim, Republicanos) também não declararam ao TRE a utilização de qualquer montante do Fundão nas respectivas campanhas.

Alguns candidatos que não foram contemplados pelos próprios partidos com os recursos do Fundão encontram como alternativa o financiamento das campanhas com dinheiro próprio, como é o caso dos candidatos Maycon Chagas e José Fiorilo, que arrecadaram, até a última quinta, respectivamente, R$ 41.280 e R$ 40.300.

Maycon, por exemplo, destinou do próprio bolso à campanha R$ 22 mil, o que corresponde a 53,29% dos recursos até então arrecadados. Além disso, outros R$ 11.580 declarados à Justiça Eleitoral são oriundos de financiamento coletivo, conforme informado pelo petista.

Já no caso de Fiorilo, o vereador desembolsou R$ 21.100 para financiar os atos eleitorais, parcela correspondente a 52,36% do montante arrecadado pelo médico. O restante do total declarado à Justiça Eleitoral diz respeito a doações individuais, sendo a maioria em pequenas parcelas de R$ 800 ou R$ 500.

Além de Maycon e Fiorilo, os candidatos Júlio César Rossignoli (Julinho) e Patrícia Oliveira (Delegada Patrícia), ambos filiados ao Patriota, também custeiam boa parte das respectivas campanhas com dinheiro próprio. Julinho, por exemplo, colocou R$ 28 mil do próprio bolso na campanha, isto é, 37,20% do montante arrecadado até a última quinta – R$ 75.260.

Entretanto, o Patriota destinou R$ 20 mil à campanha de Julinho por meio do Fundão, ou seja, 26,57% do total. Dentre as doações para Julinho, aliás, está a da sua mãe, a vereadora Ana Rossignoli (Patriota), que doou R$ 10 mil.

Já a campanha de Patrícia recebeu R$ 18.600 da própria candidata, o que equivale a 48,95% do montante arrecadado até o momento – R$ 33 mil. Assim como o correligionário Julinho, a candidata recebeu recursos do Patriota, embora ínfimos se comparados aos do colega: apenas R$ 400.

Doações individuais de terceiros
Por outro lado, candidatos como Negro Bússola e Marlon Siqueira, apesar de terem colocado o próprio dinheiro na campanha, são financiados majoritariamente por doações individuais de outras pessoas. Marlon, por exemplo, arrecadou R$ 83 mil, sendo apenas R$ 5 mil destinados pelo próprio vereador, o que corresponde a 5,68% do total arrecadado. Negro Bússola, que arrecadou R$ 40.500, desembolsou R$ 3 mil, ou seja, 7,41% do total da campanha.

Vereadores não desembolsam dinheiro próprio

No entanto, dentre os candidatos com maior arrecadação global, há aqueles que, embora não tenham recebido verbas do Fundão, sequer colocaram também recursos do próprio bolso para financiar a campanha eleitoral, como, por exemplo, os vereadores Mello Casal, Rodrigo Mattos e Garotinho. Mello Casal arrecadou R$ 76.200; Rodrigo, R$ 58 mil; e Garotinho, R$ 28 mil.

Além dos candidatos que buscam a reeleição, o ex-vereador Chico Evangelista, Igor Burkowski, Maurício Delgado e Alcebiades Filho também não desembolsaram recursos próprios para as respectivas campanhas.

Dos R$ 51.750 recebidos por Chico, R$ 10 mil, inclusive, foram doados pelo próprio filho, o deputado federal Charlles Evangelista (PSL). O candidato Igor Burkowski, conforme declarado ao TER, financia a própria campanha de R$ 48.885,24, em sua maior parte, com R$ 10.200 oriundos de financiamento coletivo, além de outras doações de pessoas físicas.

Maurício Delgado também não desembolsou nenhum valor para custear a própria campanha, cujo valor de arrecadação, até a última quinta, era de R$ 33.700 e é financiada por outras doações de pessoas físicas. Já Alcebiades Filho, que já havia arrecadado R$ 29.400, é financiado integralmente por recursos do próprio pai, empresário do ramo logístico e agropecuário.